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Crítica


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Onde Assistir

Sinopse

Bonga é um sujeito que vive livremente pelas ruas. Sua subsistência vem principalmente de pequenos e ingênuos golpes aplicados. Ele vai ajudar o filho de um empresário, que não quer se casar, a engambelar a família.

Crítica

Antes dos grandes êxitos dos Trapalhões, precisamente em 1971, Renato Aragão (ainda em carreira solo) protagonizou Bonga: O Vagabundo, filme mais querido e saudado pelo ator/ humorista. Ironicamente, ficaria na história como uma das poucas produções dele que não se saiu bem nas bilheterias. Terminou servindo de laboratório à fórmula de sucesso que o consagraria depois. É uma realização diferente daquele cinema marcado exclusivamente pela comédia pastelão e a aventura. Começando pelo público a quem se destina, mais jovem e adulto do que propriamente infantil. O roteiro, assinado pelo próprio Aragão em parceria com o diretor Victor Lima, costura temas como solidão, fome, pobreza, frustrações amorosas e relações conturbadas entre pais e filhos.

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Bonga: O Vagabundo propõe algo além do entretenimento. Basta você pensar que nos 10 minutos iniciais não existe sequer um diálogo. Filmado nas ruas e quase exclusivamente à luz do dia, possui uma fotografia que deflagra a atmosfera naturalista e urbana. As trilhas (guitarras pulsantes ao estilo rock’n roll mesclado com jazz) são sofisticadas para a comédia e parecem ter saído de um filme norte-americano. A decupagem remete ao cinema clássico, com seus diversos planos gerais de paisagem. Além disso, chama atenção a ocorrência de tempos bem definidos entre as cenas e, inclusive, um Renato Aragão mais comedido.

É um filme que dialoga com o cinema realizado naquele período, bem diferente do que a televisão mostrava. Mas o detalhe principal está na semelhança entre Bonga e Carlitos – ambos vagabundos românticos e amargurados, sujeitos humildes que sobrevivem de pequenos e singelos truques. Esse é o ponto. O personagem era Bonga e não Didi Mocó, figura que logo depois viraria o centro dos próximos filmes. Renato sabe o quanto Bonga acabou ajudando Didi, e como Didi soube aprender com Bonga.

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Na trama, o simpático Bonga vive pelas ruas, sozinho e livre, morando numa casa de sapê no meio do mato. Em frente a uma boate, conhece um playboy do qual se torna grande amigo. O rapaz é pressionado pelo pai (Jorge Dória em um dos seus tipos consagrados, o de pai durão e austero) a casar-se. Com a ajuda de Bonga, ele arma um plano para apresentar uma noiva falsa à família. As coisas se complicam e na hora Bonga leva uma amiga das ruas, pela qual é apaixonado. Tudo em meio àquelas brigas com imagem em velocidade acelerada, gritarias e perseguições dignas dos clássicos da Sessão da Tarde. Alguns diálogos valem à pena. Em especial quando Bonga lamenta o seu dia a dia: Isso aqui tá mais complicado que vender geladeira no Polo Norte. Tem nego ai que vai ficar Doidão”. Doidão ninguém vai ficar. Agora, vale a pena percorrer de novo este caminho antigo guardado em algum cantinho da nossa memória.

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é diretor de cena e roteirista. Graduado em Publicidade e Propaganda com especialização em Cinema (Unisinos /RS). Dirige para o mercado gaúcho há 20 anos. Produz publicidade, reportagem, documentário e ficção. No cinema é um realizador atuante. Dirigiu e roteirizou os documentários Papão de 54 e Mais uma Canção. E também dois curtas-metragens: Gildíssima e Rito Sumário. Seus filmes foram exibidos em vários festivais de cinema e na televisão. Foi diretor de cena nas produtora Estação Elétrica e Cubo Filmes. Atualmente é sócio-diretor na Prosa Filmes.
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