Crítica
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Sinopse
Curiosidades
- Oscar 2015: premiado como Melhor Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette). Indicado a Melhor Filme, Direção, Roteiro Original, Montagem e Ator Coadjuvante (Ethan Hawke);
- Globo de Ouro 2015: premiado como Melhor Filme de Drama, Direção e Atriz Coadjuvante em Filme (Patricia Arquette). Indicado a Melhor Roteiro e Ator Coadjuvante em Filme (Ethan Hawke);
- BAFTA 2015: premiado como Melhor Filme, Direção e Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette). Indicado a Melhor Ator Coadjuvante (Ethan Hawke) e Roteiro Original;
- Independent Spirit Awards 2015: premiado como Melhor Direção e Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette). Indicado a Melhor Filme, Montagem e Ator Coadjuvante (Ethan Hawke);
- Gotham 2014: premiado como Melhor Filme (Júri Oficial) e indicado a Melhor Filme, Ator (Ethan Hawke), Atriz (Patricia Arquette) e Ator Revelação (Ellar Coltrane);
- DGA Awards 2015: indicado a Melhor Direção em Filme;
- PGA Awards 2015: indicado a Melhor Produção em Filme;
- WGA Awards 2015: indicado a Melhor Roteiro Original em Filme;
- SAG Awards 2015: premiado como Melhor Atriz Coadjuvante em Filme (Patricia Arquette) e indicado a Melhor Elenco em Filme e Ator Coadjuvante em Filme (Ethan Hawke);
- Prêmio da Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA 2015: premiado como Melhor Direção e Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette). Indicado a Melhor Filme;
- David di Donatello 2015: indicado a Melhor Filme Estrangeiro;
- César 2015: indicado a Melhor Filme Estrangeiro;
- Bodil 2015: premiado como Melhor Filme Americano;
- Guldbagge 2015: indicado a Melhor Filme Estrangeiro;
- British Independent Film Awards 2014: premiado como Melhor Filme Internacional;
- Critics Choice Awards 2015: premiado como Melhor Filme, Direção, Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette) e Ator Jovem (Ellar Coltrane). Indicado a Melhor Elenco, Montagem, Roteiro Original e Ator Coadjuvante (Ethan Hawke);
- Satellite Awards 2014: premiado como Melhor Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette) e Direção. Indicado a Melhor Filme, Ator Coadjuvante (Ethan Hawke), Montagem, Roteiro Original e Canção Original (Split the Difference);
- Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2015: premiado como Melhor Filme Estrangeiro (Júri Popular) e indicado a Melhor Filme Estrangeiro (Júri Oficial);
- Festival do Rio 2014: seleção oficial;
- Festival de San Sebastián 2014: premiado com o Troféu FIPRESCI;
- Festival SXSW 2014: premiado com o Troféu Louis Black/Lone Star;
- Festival de Sundance 2014: seleção oficial;
- Festival de Karlovy Vary 2014: seleção oficial;
- Festival de Berlim 2014: premiado como Melhor Direção (Urso de Prata) e com os troféus Berliner Morgenpost e German Art House;
- Festival de Sundance 2014: seleção oficial;
- As filmagens começaram em 2002 e terminaram no final de 2013. Com quase 12 anos de produção, a obra se tornou uma das mais longas produções da História do cinema;
- Foram, no total, 39 dias de filmagem em uma produção de 4200 dias;
- A equipe se reuniu anualmente para discutir a história e mudanças no roteiro. O longa foi todo rodado na cidade de Austin, no estado norte-americano do Texas;
- Por ser ilegal assinar contratos de trabalho por mais de 7 anos nos EUA, nenhum dos atores atuou sob qualquer tipo de contrato;
- Orçamento: US$ 4 milhões;
- Bilheteria Mundial: US$ 48,1 milhões;
BOYHOOD PARA TODOS NÓS Maria das Graças Targino Distante da condição de crítica cinematográfica, porém cinéfila fervorosa em reconhecimento ao cinema como arte maior, discorremos, sem grandes pretensões técnicas, sobre os sentimentos que nos assolam quando da projeção de Boyhood. Trata-se de drama norte-americano de 2014, rodado durante 12 anos, sem troca de atores, sob direção e roteiro de Richard Linklater, e, por conseguinte, figurando como uma das mais longas produções do cinema mundial. A partir de 2002, o diretor reunia em segredo sua equipe para a filmagem de determinadas cenas sempre em torno do personagem central – o jovem Mason (protagonizado por Ellar Coltrane), movido pela intenção primeira – acompanhar a transição da infância até a adolescência do garoto. Isto justifica o título original e permite esquecer o redundante subtítulo brasileiro “Da infância à juventude”, reforçando que Boyhood consiste em trama mais do que interessante, por sua extrema originalidade, não importam as críticas adversas. A história dos pais divorciados Olivia e Mason Sr., vividos, respectivamente, por Patricia Arquette e Ethan Hawke e das demais famílias envolvidas é, sem dúvida, a representação da vida de muitos outros joãos, peters, michelles, patricks, etc., espalhados em diferentes nações perdidas nos mais distantes continentes. É a certeza (palavra que pesa, mas, às vezes, se mostra adequada) de que a existência do ser humano se repete aqui e ali. A passagem da infância para a adolescência é permeada por mudanças orgânicas, cognitivas, afetivas, psicológicas e sociais, não importa onde estejam os protagonistas da vida. Há alterações de humor que isolam o jovem ou o põem no fogo das aventuras, com disposição para vivenciar, com coragem quase infinita o que der e vier. Há sentimentos superdimensionados de desamor, com frequência, no ambiente familiar ou escolar, com a valorização exacerbada de eventuais brincadeiras ou jogos dos colegas, hoje, apelidados invariavelmente de bullying. Há, ainda, a vivência de grandes paixões e do primeiro amor, ainda sem a crença de que quem aprende a amar, aprende a sorrir e a chorar, também – faces de uma mesma moeda. Há sede quase insaciável de descobrir o mundo e desvendar novos conhecimentos. Há susto diante da imagem refletida no espelho. Há quase irreconhecimento frente a um rosto que lhe parece infinitamente feio, com espinhas enormes, acompanhadas por cabelos ressecados e tudo num corpo desengonçado. O que se aproxima da realidade? As fotos de criança espalhadas pela casa ou a figura “horrorosa” que o espelho projeta em meio a um sorriso maroto? São muitas as transmutações entre infância e adolescência sintetizadas nos 166 minutos de projeção de Boyhood, produção conjunta de Cathleen Sutherland, John Sloss, Jonathan Sehring e Richard Linklater. Tais mutações se intensificam numa sociedade marcada por reestruturações familiares. Hoje, vivemos com naturalidade em meio a famílias com diferentes contornos: duas mães ou dois pais; adultos que reúnem sob o mesmo teto filhotes de uniões anteriores, em caráter definitivo ou nos célebres fins de semana, onde pais ou mães, sem a convivência cotidiana, tentam, inconscientemente, compensar sua ausência no dia a dia ou, quiçá, o tempo perdido. E há muito mais: padrastos ou madrastas que se encobrem sob véus de ternura e só, então, após um tempo mais, ou menos longo, despem a máscara do alcoolismo ou das exigências disformes que cheiram a um autoritarismo ímpar, tal como se dá com a postura gradativamente hedionda do segundo e do terceiro marido de Olivia. E é interessante perceber que tal como vivenciamos na rotina diária, cada criança e / ou adolescente reage de forma distinta. A irmã Samantha (Lovelei Linklater) parece imune ao comportamento disforme dos companheiros da mãe e reage com displicência ensaiada à perfeição. Ambos – o “sério” professor universitário e um descolado qualquer são completamente distintos do pai biológico, Mason Sr. Este vive a vida com ânsia de viver cada instante. Ao tempo em que conserva um coração de criança, deixa à mulher todas as responsabilidades da vida adulta. O sucesso (ainda que discutível para alguns) de Boyhood advém de sua proximidade com o cotidiano do homem contemporâneo: amores e desamores, álcool em profusão ou drogas mais pesadas, famílias que se fragmentam e se recompõem, mulheres que enfrentam com galhardia mil dificuldades e quando se impõem profissionalmente, se autoperguntam: para quê? Afinal, é o momento de os filhos partirem em busca da construção de sua própria vida, independentemente das marcas deixadas por uma infância e adolescência recheadas por muitas alegrias e, nem por isso, por menos dor! Maria das Graças TARGINO é jornalista e pós-doutora em jornalismo pela Universidad de Salamanca / Instituto de Iberoamérica