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Crítica


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Sinopse

Carmem teve uma infância assombrada por madrastas maldosas. E sua vida muda completamente quando ela encontra uma trupe itinerante de anões toureiros que irão adotá-la e apelidá-la de “Branca de Neve”.

Crítica

O conto de fadas da menina que morde a maçã envenenada pela madrasta já foi adaptado das mais variadas formas para o cinema, seja em animação, live action, drama, comédia. A grande sacada do espanhol Pablo Berger foi repaginar a história da mocinha para as touradas da Espanha da década de 1920 e, o principal, em um filme mudo! Tamanha ousadia lhe rendeu diversos prêmios e indicações ao redor do mundo, sendo dez vindos do Goya 2013 – incluindo Melhor Filme do ano.  Porém, após assistir a produção, deve-se compreender que é um filme recheado de qualidades, mas talvez o falatório tenha sido muito mais alto do que o merecido.

No drama ambientado em Sevilha, Carmen (Macarena García) é filha de um toureiro. Após seu pai morrer de forma trágica, a menina vai viver com a madrasta (Maribel Verdú) que, assim como na história original, explora a garota com serviços domésticos, além de abusar dos maus tratos. Já crescida e longe da “bruxa”, a adolescente encontra a companhia de seis anões toureiros e resolve viver como seu pai, com o respaldo do público.

Se por um lado é interessante esta revisita à época dos filmes mudos, por outro parece apenas uma jogada de marketing que pega carona no francês O Artista (2011), esta sim, uma produção mais coesa em suas qualidades. Se por um lado o vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2012 tinha como um de seus pilares uma homenagem não só aos filmes da época, mas também à toda história da cinematografia mundial (restando ainda um leve senso crítico sobre como as mudanças tecnológicas afetam drasticamente a vida de seus principais envolvidos), neste Branca de Neve a idéia, ainda que muito bem executada, parece não ter um propósito definido além de chamar a atenção.

O primeiro tempo da narrativa também demora um pouco a passar. São quase 40 minutos da infância sofrida da protagonista que, se servem para contextualizar, acabam prejudicando um pouco o timing da direção, que muda de tom quando Branca de Neve chega à fase adulta. Por outro lado, a belíssima fotografia em preto e branco, a espetacular direção de arte com um leve tom que remete a Meliés, as sequências marcantes das touradas e, especialmente, a magnífica atuação da madrasta vivida por Maribel Verdú  (a belíssima atriz exótica de filmes como E sua Mãe Também, 2001, e O Labirinto do Fauno, 2006) deixam qualquer crítica mais ferrenha de lado.

Branca de Neve é um belo exemplar da Espanha que finalmente chega aos cinemas brasileiros com o respaldo da crítica e de suas premiações. Muito mais do que por mera curiosidade, o longa merece aplausos pelo seu roteiro, uma das adaptações mais originais e energéticas do conto de fadas. Se havia dúvidas sobre se valia a pena fazer mais uma versão da história, este filme chega para sanar qualquer questão. Pode não ser a melhor produção espanhola dos últimos anos, mas com certeza é recheada de méritos que um bom amante do cinema deve acompanhar.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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