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Sinopse

Dois vilões tentam influenciar os moradores da floresta a cedê-la em nome de uma suposta modernidade. Sem conseguir convencer ninguém, Birdestroy e Corcova resolvem tomar o lugar usando a força bruta.

Crítica

A despeito de seus méritos artísticos, somente o fato de termos um longa-metragem de animação nacional chegando às telas já é um feito que merece ser comemorado. Agora, como estamos falando de uma continuação, tal lançamento é ainda mais impressionante. Mercado tradicionalmente dominado pelas produções norte-americanas, é curiosa e saudável a tentativa do cineasta curitibano Paulo Munhoz em Brichos 2: A Floresta é Nossa de trazer as cores e os tipos nossos, promovendo uma identificação raras vezes alcançada. No entanto, se por um lado esse esforço é digno de aplausos, por outro o resultado é por demais pueril, indicado somente aos mais pequenos, sem atingir com eficiência uma parcela de público mais ampla. Pobres dos marmanjos que se aventurarem com seus filhos e sobrinhos por uma sessão dessas – os minutos irão demorar para passar!

Os problemas começam com o enredo, estruturado de forma fragmentada e que exige de imediato um conhecimento prévio dos personagens, vistos anteriormente em Brichos (2006). Somos apresentados à várias figuras distintas, cada uma numa situação diferente: há o tamanduá viajando pelo árido Noforest com o pai, o filhote de joão-de-barro que faz amizade com uma ursa panda durante um intercâmbio no gelado Iceforest, e o jaguarzinho e seu amigo quati que pescam despreocupadamente na exuberante Brainforest. Em comum o fato de serem todos amigos e vizinhos. Mas, como estão em férias, se encontram nesse momento separados. A necessidade da união, no entanto, não tardará, e irá se revelar quando se depararem, cada um num lugar diferente, com um plano armado pelos vilões Mr. Birdestroy e Al Carcova, chefes do Ratão, que desejam tomar conta da Vila onde moram para explorá-la de forma predatória, acabando com toda a vida local.

Há tantos núcleos de ação se desenvolvendo simultaneamente que chega a ser cansativo até para o espectador adulto – que dirá das crianças! – acompanhar com atenção todo o desenrolar da história. Temos os dois bandidos poderosos, mas eles se escondem por trás de campanhas inescrupulosos, que precisam enfrentar os pais e responsáveis, que por sua vez precisam ouvir as descobertas dos pequenos, seja no deserto, na geleira ou na floresta. E tudo ao mesmo tempo! Claro que há algumas sacadas divertidas e bastante oportunas, como a pandinha chinesa, o cavalo mais esperto que o lagarto que o monta e até a inspirada participação final de James Bode (sim, é exatamente quem você está pensando).

A série Brichos nasceu de uma iniciativa própria de Munhoz e do seu estúdio, Teknokena. Muito bem estruturado, inclui, além dos longas para o cinema, uma série de desenhos animados para a televisão, jogos de internet e livros. Algo ambicioso, que no entanto engloba mensagens óbvias, do tipo “preserve a natureza”, “cuide do que é nosso”, “valorize o que é seu”, “somos todos ricos, cada um ao seu modo”. Tudo muito necessário de ser lembrado, é fato. Porém, estamos numa época de avanços tecnológicos diversos, e um longa feito em 2D convencional e sem nenhum grande nome envolvido (Marcelo Tas, Antonio e André Abujamra e Fabiula Nascimento, os dubladores mais conhecidos, são ótimos, mas carecem de maior popularidade) é uma tarefa digna de Davi contra Golias. Brichos 2 é válido por diversos motivos, pena que poucos se referem às suas qualidades cinematográficas.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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