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Sinopse

A Vila dos Brichos é atacada por um vírus novo que deixa seus habitantes em estado de coma. Os moradores ainda saudáveis juntam forças para tentar encontrar uma solução.

Crítica

A discussão não é nova, mas ganhou certa força nas últimas duas décadas com apostas como WALL-E (2008) e Soul (2020), por exemplo. As animações devem esclarecer seu público alvo? Ou esta é uma estratégia de distribuição que nada tem a ver com a arte? Brichos 3: Megavirus é mais um dessas empreitadas que possui uma coleção de sequências em que a narrativa é apropriada por um discurso ingênuo, mas em outros é tomada por conceitos mais maduros. E embora aqui não haja a melhor das investidas para um terceiro capítulo da saga - que também conta com Brichos (2006) e Brichos 2: A Floresta é Nossa (2012) - o filme apresenta competências artísticas e ainda garante espaço na discussão da linguagem animada.

Essa profundidade a qual o longa se incorpora não demora a surgir. Após alguns instantes dos personagens mergulhados na vida hi-tech - com tablets, celulares e TVs roubando toda a atenção da vida comum - Tales (Diegho Kozievitch), Bandeira (Jeff Franco), Jairzinho (Renet Lyon) e outros, descobrem que um vírus cibernético tomou conta da Vila dos Brichos. Esse contratempo abre brecha para uma variedade de referências que vão desde a saga Matrix até Jogador Nº 1 (2018), com transportes da vida real para ambientes virtuais. É por lá que os animais antropomorfos, heróis da trama, irão lutar contra os invasores.

A partir daí, a proposta se torna ousada e flerta com o risco. Não são poucos os momentos em que o contraste de recintos acaba prejudicando o ritmo do enredo, tornando a minutagem mais prolongada do que aparenta. Invariavelmente, é árduo para o espectador não exigir uma posição mais clara dos responsáveis, pois tanto as informações escritas para os mais crescidos, quanto para os mais pequenos, acabam concorrendo. Entretanto, o esforço para que as ideias se relacionem é visível.

Sob outro prisma da feitura animada, é válido salientar que o empréstimo de vozes de artistas aos papéis - ou dublagens, como estamos acostumados com o cinema desenhado hollywoodiano - é essencial para uma melhor identificação. Os charmes, as gags (humor transmitido, na maioria das vezes, sem uso de palavras) e outros elementos semelhantes são sempre lembrados com carinho. Muito disso está em falta por aqui. Ainda que o próprio diretor, Paulo Munhoz, dê conta de um vilão interessante, o Ratão, cheio de frases e crises existenciais.

No final das contas, Brichos 3: Megavirus se assegura em superfície confortável, participando de discussões contemporâneas. Ainda que com ressalvas, flerta com o ensaio cinematográfico, brinca com estilos diferentes de animação e conta sua história, mesmo que recheada de mortes, culpas e roubos. Convenhamos, materiais complexos de se encaixar numa inspiração tão infantilizada. Por ora, chegando à terceira parte de sua caminhada, a excelência ainda não carimbou a franquia.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]

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