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Sinopse

Agente fracassado, Danny Rose tem a chance de mudar de sorte ao cuidar da carreira do cantor Lou Canova. Seu novo cliente, no entanto, acaba o colocando em várias enrascadas.

Crítica

Que Woody Allen gosta de se espelhar em seus papéis e retratar neuróticos, pessimistas e fracassados, isto não é novidade. O mais interessante de Broadway Danny Rose, um de seus filmes menos lembrados, é a maneira como a vida de seu protagonista (ou alterego) é contada: por meio de flashbacks evocados por amigos e conhecidos reunidos em um restaurante. O que nos dá uma nova perspectiva: afinal, ele é tão loser assim ou as fofocas aumentam (ou diminuem) os fatos?

Afinal, o que torna Danny Rose (Allen) tão interessante para ser assunto de mesa? Ele é um agente da Broadway que sempre lança artistas que, em troca, o deixam na mão. Isto até encontrar Lou Canova (Nick Apollo Forte), cantor em decadência que pretende retomar o sucesso. Este é apaixonado por Tina Vitale (Mia Farrow), amante de um gângster. É claro que o próprio Rose também acaba se interessando pela mulher e a confusão só aumenta quando Lou pede que a amada seja levada ao seu show.

Já com maturidade suficiente no roteiro, na direção e na própria atuação, Allen entrega ao público um de seus melhores personagens. Rose é quase um anti-produtor de espetáculos, já que sua sensibilidade apurada e a preocupação com seus assessorados, a quem considera verdadeiros amigos, é muito maior que seu interesse por lucros e sucessos. Uma ótima sátira de que, para se dar bem na Broadway ou no show business em geral, é preciso vender a alma ao diabo. Caso contrário, o fracasso é iminente.

Porém, o grande destaque do longa é Mia Farrow, que está num papel muito diferente do normal. Ao invés das moças frágeis e delicadas que tanto fez ao longo de sua carreira (inclusive ao lado de Allen), sua Tina Vitale é a personagem mais forte da trama. Ex-mulher de um trambiqueiro, namorada de um mafioso e amante de um cantor, ela não leva desaforo pra casa. A interpretação é tão brilhante que foi indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia ou Musical na época. Realmente, mais que merecido.

Indicado ao Oscar de Melhor Direção e Melhor Roteiro Original, Broadway Danny Rose ficou perdido no tempo, talvez por ter sido ofuscado por outras obras do mestre da neurose, especialmente Tiros na Broadway (1994), em que o diretor detalharia ainda mais a relação do teatro com a máfia. Porém, é um filme que merece ser redescoberto por tratar daquilo que é tão caro a Allen, sua neurose, de forma peculiar, quase diferenciando-se do restante de sua filmografia.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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