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Sinopse

O alto comando soviético acredita na possibilidade de deserção quando o comandante do Outubro Vermelho, o mais moderno submarino russo, desobedece ordens superiores e navega em direção à América. Diante deste quadro, outros submarinos soviéticos recebem ordem de afundar o Outubro Vermelho e os americanos decidem fazer o mesmo, pois temem um ataque contra seu território. Até que Jack Ryan, um agente da CIA, tenta impedir que soviéticos e americanos dêem prosseguimento ao ataque.

Crítica

Criado por Tom Clancy, o analista da CIA Jack Ryan protagonizou uma série de livros do escritor entre as décadas de 1980 e 2000. O personagem acabou ganhando sua própria franquia no cinema anos depois. E até que se trata de uma série bem consistente, na qual nenhum dos filmes chega a ser realmente ruim. A Caçada ao Outubro Vermelho foi a primeira adaptação a ser lançada, e trouxe Alec Baldwin interpretando o personagem em um elenco que tinha como grande destaque a participação do grande Sean Connery.

Escrito por Larry Ferguson e Donald Stewart, A Caçada ao Outubro Vermelho tem sua história situada em 1984, em plena Guerra Fria. O capitão soviético Markus Ramius (Connery) comanda o Outubro Vermelho, um submarino com um sistema de propulsão que o torna imperceptível para sonares. Ramius coloca o submarino em direção aos Estados Unidos, desobedecendo as ordens que recebeu de seus superiores e fazendo todos pensar num provável ataque. No entanto, Jack Ryan tem quase certeza de que o capitão planeja desertar, e precisa provar isso a seus superiores e à tripulação do submarino americano USS Dallas, antes que tentem afundar o possível inimigo.

Contando com vários núcleos narrativos (temos Jack Ryan na CIA, o pessoal na Casa Branca e as tripulações do Outubro Vermelho, do USS Dallas e do V.K. Konovalov, outro submarino soviético), o roteiro é hábil ao estruturar a história em cima deles sem confundir o espectador nem tirando o foco de seus dois melhores personagens, Ryan e Ramius. Nesse sentido, a ótima montagem de Dennis Virkler e John Wright merece crédito por pular de um núcleo a outro sem quebrar o ritmo do filme, além de investir em transições elegantes em alguns momentos, como o raccord sonoro entre um copo quebrando e um telefone tocando. Mas é mesmo por ter duas figuras inteligentes no centro de sua narrativa que A Caçada ao Outubro Vermelho acaba sendo muito interessante, já que nos faz acompanhar todas as estratégias de ambos os personagens para fazerem seus planos darem certo. E não é à toa que, se o filme é bom na maior parte do tempo, fica melhor ainda quando os dois aparecem juntos em cena, o que ocorre apenas no terceiro ato.

Alec Baldwin se revela uma escolha acertada para o papel de Jack Ryan, já que o personagem é “apenas um analista” (como ele mesmo diz em determinado momento) que se vê em meio ao trabalho de campo quase sem querer, não sendo um típico herói de ação. Consciente disso, o ator traz um jeito de peixe fora d’água que combina perfeitamente com Ryan, e o roteiro ainda inclui nele um medo de voar que o torna um ser mais vulnerável e humano. Além disso, nosso envolvimento com Ryan é tão grande que ficamos irritados e frustrados sempre que alguém ignora o que ele tem a dizer. Já Sean Connery tem uma presença brilhante como Markus Ramius, transformando-o em uma grande autoridade só de aparecer em cena, deixando claro não só o porquê de seus comandados confiarem nele, mas também que o capitão não é um vilão na história.

O diretor John McTiernan (que na época estava em grande fase, tendo acabado de sair dos sucessos de O Predador, 1987, e Duro de Matar, 1988) não chega a investir tanto em grandes sequências de ação, preferindo construir um belo nível de tensão entre seus personagens. No entanto, quando parte para uma dimensão de escala um pouco maior, McTiernan não decepciona, mantendo o espectador grudado na tela. Bons exemplos são as cenas em que Ryan precisa entrar no USS Dallas sob uma chuva intensa ou no tiroteio que ocorre próximo ao final da trama. A Caçada ao Outubro Vermelho é um thriller eficientíssimo, que iniciou muito bem as aventuras de Jack Ryan nos cinemas, sendo que até hoje ostenta a posição de melhor filme da franquia.

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é crítico de cinema, formado em Produção Audiovisual na ULBRA, membro da SBBC (Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos) e editor do blog Brazilian Movie Guy (www.brazilianmovieguy.blogspot.com.br). Cinema, livros, quadrinhos e séries tomam boa parte da sua rotina.
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