Crítica
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Sinopse
Depois de 25 anos de relacionamento, Eric termina abruptamente com Camille. Pouco depois, ela é arremessada ao passado, especificamente à época em que conheceu ele.
Crítica
A vontade de passear pelo tempo – presente, passado e futuro – ou a de se imaginar no outro – “ah, se estivesse no seu lugar...” – ainda que esse seja o próprio – ou seja, uma versão mais nova, ou mais velha – é bastante natural ao ser humano. E, justamente por isso, já foi inúmeras vezes explorada no cinema. E este mesmo argumento é mais uma vez empregado em Camille Outra Vez, que poderia perfeitamente ser descrito como a versão francesa e inversa de sucessos hollywoodianos como Quero Ser Grande (1988) e De Repente 30 (2004), entre outros. O segredo do seu carisma está justamente nesta pegadinha do roteiro – a personagem rejuvenesce, ao invés de envelhecer, como é mais comum – e na incrível simpatia da protagonista, vivida pela também diretora e roteirista Noémie Lvovsky.
Tendo atuado em filmes recentes como L’Apollonide (2011) e Adeus, Minha Rainha (2012), Noémie Lvovsky estava há cinco anos sem dirigir quando abraçou Camille Outra Vez, garantindo a atenção necessária para o projeto. Tanto que uma história que tinha tudo para ser trivial acabou sendo selecionada para o prestigioso Festival de Cannes – de onde, veja só, saiu reconhecida com um prêmio especial pelo trabalho de direção. Mas impacto mesmo o filme teve no César – o Oscar da França – onde recebeu nada menos do que 13 indicações, inclusive para Melhor Filme, Direção, Atriz e Roteiro – todas para Lvovsky. Ainda que tenha saído da festa do cinema francês de mãos abanando, tamanho carinho – refletido também nas bilheterias locais, onde se consagrou como uma das produções mais populares de 2012 – evidencia que, se o tema pode ser banal, sua abordagem foge do convencional.
Fracassada na carreira, frustrada no amor e desiludida na vida, Camille Vaillant (Lvovsky) está decidida a fazer do novo ano um começar do zero. O que não imaginava é que, ao invés de seguir adiante, teria que primeiro olhar para trás, mais precisamente para aqueles meses cruciais da sua adolescência antes de tomar as decisões que se refletiriam por toda a sua existência. Ao acordar de um porre fenomenal de réveillon, Camille está novamente com 15 anos, em sua cama na casa do pais, tendo que lidar mais uma vez com aquela realidade adolescente: estudar para o colégio, fugir – e atrair – as atenções dos meninos, fofocar com as colegas, lidar com o controle de horários em casa. Uma vez acostumada com a nova situação, dois problemas se tornam urgentes: a mãe, que deverá falecer em pouco mais de um mês, vítima de um aneurisma, e a relação prestes a surgir com Éric (Samir Guesmi, de Adeus Berthe: O Enterro da Vovó, 2012), o rapaz de quem irá engravidar tão cedo, com quem ficará por 25 anos, e de quem irá se separar com muitas mágoas e arrependimentos.
A grande questão de Camille Outra Vez é: se você tivesse uma segunda oportunidade de viver a sua vida, cometeria os mesmos erros? Muitos afirmariam rapidamente: “claro que não, faria tudo certo dessa vez”. Mas ao mudar uma única coisa não se estaria abrindo mão de tantas outras – boas e más – que viriam em conjunto? Camille, por exemplo, poderia evitar de se engravidar aos dezesseis anos – mas o que seria da filha, que tanto ama e que nunca viria a existir? Ou como pular fora de uma relação apenas por saber que um dia ela irá terminar? Afinal, tudo o que foi vivido nela pode ser descartável, ou as transformações e o crescimento natural de cada experiência não podem ser ignorados?
Uma decisão curiosa – e que se revela bastante apropriada – foi a de manter os dois protagonistas – Camille e Éric – com os mesmos atores. Lvovsky e Guesmi os interpretam tanto na maturidade quanto na juventude, e se a ideia parece estranha, basta assisti-los em cena para entender o quão fluida a narrativa se torna com eles à frente da ação em ambos os tempos. Participações especiais de nomes de respeito como Mathieu Amalric (007 – Quantum of Solace, 2008), Jean-Pierre Léaud (Os Incompreendidos, 1959) e, principalmente, Denis Podalydès (Vocês Ainda Não Viram Nada!, 2012), terminam por oferecer um charme especial a essa comédia que se apresenta de maneira simples, mas oferece ao seu espectador muito mais do que o prometido.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 7 |
Chico Fireman | 6 |
MÉDIA | 6.5 |
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