Crítica
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Sinopse
O Rio Paraíba do Sul é um dos mais importantes do Brasil, no entanto, ele não recebe a atenção, nem o reconhecimento que merece. Através de relatos de moradores ribeirinhos, pescadores e estudiosos, a história do rio, conhecido pelas suas águas cor de barro, é contada, desde a nascente até a foz. Atualmente, ele é responsável por fornecer alimento e energia para o sudeste brasileiro, além disso, também foi fundamental durante o ciclo da cana, do café e do período de industrialização do país.
Crítica
“Sempre pensara em ir
caminho do mar.
Para os bichos e rios
nascer já é caminhar.”
Assim inicia o poema O Rio, de João Cabral de Melo Neto. É dessa estrofe que o diretor e roteirista Bebeto Abrantes tirou a inspiração para batizar seu documentário Caminho do Mar. Mas o filme não fala sobre oceanos, mas acerca de um rio. Um importante, chamado Paraíba do Sul, que banha os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Didático, o filme é um interessante material para se acompanhar, tendo sido corretamente lançado na Semana Nacional do Meio Ambiente. Mais propício, impossível.
Abrantes concebe um longa-metragem que serve de alerta à situação da poluição do Paraíba do Sul, mas que também faz um óbvio paralelo com todos os rios do Brasil. O cineasta percorre desde a nascente até a foz de seu protagonista, conversando com ambientalistas, pescadores e pessoas em geral, impactadas pelo curso natural de água. Além de ser um reflexo da situação atual, o documentário faz um necessário retrospecto do passado, mostrando a forma como o Paraíba do Sul foi explorado com o decorrer dos anos.
Nesse olhar histórico, alguns dos melhores momentos se dão. Foi no Paraíba do Sul, por exemplo, em 1717, onde encontraram a imagem de Nossa Senhora Aparecida, fazendo crescer a devoção à Padroeira do Brasil. Foi também às margens dele que os escravos dançavam – a forma como encontravam para praticar sua religião durante a época da escravatura no país. Essas e outras histórias são contadas no longa-metragem. Tais trechos mantêm firme a atenção do espectador na tela.
O ritmo do documentário é um tanto lento, por vezes espelhado pelo movimento do rio e não existe muita novidade no que tange à linguagem, com o filme abraçando o estilo “cabeças falantes” de tantas outras produções semelhantes. O que surge como novo em Caminho do Mar não é a forma de capturar os depoimentos, mas, dentro do filão, o fato de evitar que eles soem panfletários na narrativa. Seria fácil fazer mais um filme-catástrofe mostrando o que de pior o ser humano fez com o seu meio ambiente, pesando a mão na música apocalíptica e inflamando o espectador a fazer sua parte – nada errado nisso, mas é um caminho conhecido. O longa-metragem não foge de colocar o dedo na ferida, mas o faz de forma educativa, tentando explicar, munido de informações, que os recursos hídricos acabarão e que é necessário agir.
Ao apontar sua câmera para assuntos importantes à população, mas que são geralmente esquecidos pela pauta diária de jornais, TV e internet, Bebeto Abrantes faz um filme necessário. Seria um bom material para exibição em TVs públicas e educativas, visto que há a preocupação em preencher o filme com dados que corroboram o discurso principal. Por ter esse cunho informativo, Caminho do Mar merece ser conferido. Ajudaria se o título deixasse mais claro do que se trata o filme, mas entende-se o lado poético da citação, explicada ao final da produção. Lírico e real, visto que o rio Paraíba e o mar estão se confundindo a partir das mudanças climáticas. Outro ponto de alerta explicado no apagar das luzes deste bom trabalho realizado por Abrantes e sua equipe.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Rodrigo de Oliveira | 7 |
Filipe Pereira | 4 |
MÉDIA | 5.5 |
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