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Crítica


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Sinopse

A partir de uma longa entrevista, o diretor Alfonso Cuarón desvenda seu método de trabalho para realizar Roma (2018), seu filme mais autoral, com base nas memórias da infância no México.

Crítica

"Roma é como se fosse meu primeiro filme. É o primeiro que faço que alcança o cinema que aspiro."

A afirmação acima pode denotar uma certa arrogância do diretor Alfonso Cuarón, mas não é bem assim. O depoimento que encerra o documentário Camino a Roma nada mais é do que a satisfação pessoal de um sonho realizado, aliado à repercussão altamente positiva que Roma (2018) recebeu por onde passou. Vale lembrar que o filme não só ganhou o Festival de Veneza como recebeu 10 indicações ao Oscar, vencendo nas categorias de direção, filme estrangeiro e fotografia. Não é pouca coisa.

De forma a desvendar as nuances de tal produção, os diretores Andres Clariond e Gabriel Nuncio basicamente se dispõem a deixar Cuarón falar, e como ele fala! Da intenção em rodar um filme baseado em suas memórias surge o curioso método que, por um bom tempo, abriu mão do roteiro em nome das lembranças pessoais, que resultaram em um diretor cada vez mais meticuloso de forma a honrar seu próprio passado. A partir das palavras do diretor pode-se facilmente perceber sua paixão por este projeto e o quanto era importante, para ele, que tudo fosse da mesma forma como se lembrava. Ou, como diz no documentário, priorizar sensações em detrimento de uma linha narrativa mais convencional.

É a este aspecto que Cuarón se refere ao dizer a frase que abre este texto, realmente por ser Roma um filme bem distinto, em termos de estrutura narrativa, de todos seus trabalhos anteriores. Além de escancarar tal importância pessoal, o diretor esmiuça detalhes que se tornaram essenciais nesta busca narrativa, como a preferência pelo "timing da vida real" em sua "busca pelo invisível" ou ainda a escolha pelo formato de tela e mesmo por ser este um filme em preto e branco. Há no documentário um punhado de detalhes que farão a alegria dos estudiosos de cinema, ou mesmo curiosos que queiram saber mais sobre como um filme é produzido.

Entretanto, por mais que a empolgação de Cuarón seja cativante, salta também aos olhos o quão preguiçoso é Camino a Roma, em termos narrativos. Sem conversar com qualquer outra pessoa da produção, o longa se contenta com as palavras de Cuarón aliadas a cenas de bastidores, algumas delas valiosas. A que mostra a sequência do parto sendo rodada é de uma emoção tangível, não só pelo que acontece mas pela magia do cinema em pleno vigor - não por acaso, o olhar do diretor ao término da gravação é de uma alegria incontrolável.

Aos poucos, e de forma burocrática, o documentário percorre as principais sequências de Roma, dando um check explicativo sobre a realização de cada uma delas. Sempre interessante graças a Cuarón, falta a Camino a Roma uma certa ambição em ser algo além do que um mero extra protocolar incluído em algum lançamento em DVD. Correto, apenas.

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Jornalista e crítico de cinema. Fundador e editor-chefe do AdoroCinema por 19 anos, integrante da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro), autor de textos nos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros", "Documentário Brasileiro - 100 Filmes Essenciais", "Animação Brasileira - 100 Filmes Essenciais" e "Curta Brasileiro - 100 Filmes Essenciais". Situado em Lisboa, é editor em Portugal do Papo de Cinema.
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CríticoNota
Francisco Russo
6
Francisco Carbone
7
MÉDIA
6.5

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