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Sinopse

De origem humilde, Mario se torna um comediante muito popular. Conhecido como Cantinflas, ela se torna o maior astro dos filmes de comédia mexicanos. O filme mostra o encontro dele com um produtor da Broadway.

Crítica

Nos primeiros momentos de Cantinflas, cinebiografia do famoso comediante mexicano, é um pouco difícil perceber sobre o que, exatamente, o filme irá discorrer. Afinal, a trama começa a se desenrolar nos Estados Unidos, mais precisamente nos bastidores dos grandes estúdios de Hollywood, quando somos convidados a acompanhar as desventuras do produtor de cinema Michael Todd (Michael Imperioli) na tentativa de concretizar o seu maior sonho cinematográfico. Somente com o desenrolar dos eventos é que ação dá um pulo para trás no tempo, regressando umas duas décadas e mudando também o cenário, da ensolarada Califórnia para uma lamacenta Tijuana. É lá que iremos conhecer o jovem Mario Moreno (Oscar Jaenada, surpreendente), seu início humilde, a falta de maiores e melhores oportunidades e como ele, literalmente, cavou seu espaço no showbiz graças ao seu talento e versatilidade. Tudo bem explicadinho, narrado de forma convencional e sem grandes invencionices, mas de modo a introduzir com eficiência às plateias de hoje esse astro singular.

Se a estrutura narrativa causa estranheza à princípio, esse sentimento logo é dissipado. Afinal, o diretor e roteirista Sebastian del Amo (O Fantástico Mundo de Juan Orol, 2012) tomou uma sábia decisão, partindo daquele momento em que Cantinflas deixou de ser uma personalidade latina para se tornar, de fato, uma estrela mundial. Está se falando da produção de A Volta ao Mundo em 80 Dias (1956), longa de Michael Anderson vencedor de 5 Oscars – entre eles o de Melhor Filme – e de dois Globos de Ouro: Melhor Filme em Drama e Melhor Ator em Comédia ou Musical – ninguém menos do que o próprio Cantinflas. Este foi o seu primeiro – e um dos únicos – trabalhos nos Estados Unidos, mas suficiente para catapultá-lo a uma fama sem precedentes, que perdura até hoje. Para se ter ideia, para receber esse prêmio ele superou concorrentes como Marlon Brando e Yul Brynner! Um feito e tanto que certamente o consolidou como a maior estrela do cinema mexicano e uma dos maiores de toda a América Latina.

Em termos que comparação, Cantinflas está para o México mais ou menos como Carmen Miranda estava para o Brasil. Chamado de “o maior comediante do mundo” por ninguém menos do que Charles Chaplin, ele foi um intérprete de uma nota só, mas seu sucesso era tamanho que permitiu a construção de seu próprio estúdio de cinema e a contratação de diretores e roteiristas que criassem histórias pensando unicamente no seu jeito de atuar – baseado, basicamente, na improvisação. O longa não se aprofunda muito no lado mais problemático de seu caráter – os conflitos familiares, as traições conjugais, as brigas com os colegas de profissão – preferindo passar por estas questões apenas de forma episódica, pontuando-as somente o necessário para que não fossem esquecidas. Por outro lado, tal opção acaba por criar a impressão de que tudo foi muito fácil em sua trajetória, como se o sofrimento de ter sido um rapaz pobre e sem bons contatos já tivesse sido suficiente e que, a partir do momento em que sua genialidade se faz notar, todas as portas tivessem se aberto naturalmente pelo seu caminho. O que, evidentemente, seria um exagero.

Cantinflas, o filme, compensa com efeito as limitações de sua produção, cobrindo bem as mudanças do interior do México para a capital federal e, depois, para os Estados Unidos. Se há algo que soa realmente constrangedor, no entanto, são os atores escalados para viveram astros como Elizabeth Taylor e os já citados Brando ou Chaplin, que são tão diferentes dos originais que caso não fossem anunciados ninguém os reconheceria. Um percalço menor, ainda assim, dentro de uma obra educacional que tem uma função bem definida – resgatar o histórico de um nome de orgulho nacional para as novas gerações – e cujo intento foi cumprido com louvou – é uma das maiores bilheterias mexicanas do ano, além de ter sido escolhido para representar o país no Oscar 2015. Será que a história vai se repetir? Talvez seja ingenuidade demais, mas tudo o que foi feito até aqui já está de bom tamanho.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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