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Sinopse

No passado, Frank era um agente das forças armadas. Agora, trabalha por conta própria transportando cargas perigosas e valiosas de um ponto a outro, sem fazer perguntas. Ele possui, entretanto, três regras: o acordo não pode ser mudado, não quer saber o nome do cliente, e jamais olha dentro do pacote que lhe confiam. Um código que segue fielmente, até o dia em que descobre que o que está carregando é uma mulher.

Crítica

Existe uma regra básica em qualquer atividade que se faça: para se ter sucesso, não importa a área escolhida, o fundamental é executá-la com esmero. No que se refere ao mundo do cinema, existem inúmeras ideias descartáveis que não merecem ser levadas à sério e que inevitavelmente resultam em gigantescos desperdícios. No entanto, há uma parte considerável destas que, por terem sido realizadas com competência e empenho, conseguem disfarçar com impressionante habilidade seus maiores defeitos. Carga Explosiva é um bom exemplo dessa teoria: seu argumento nada mais é do que uma leviana desculpa, se pararmos para pensar, mas sua ação é tão frenética e bem encaixada que simplesmente não há tempo disponível para que este fato incontestável se perceba durante sua projeção. E quando as luzes se acendem, tudo o que sobra de positivo é lucro.

O roteiro é uma colcha de retalhos elaborada por Luc Besson (que aqui também tem a função de produtor). Depois do fracasso artístico e comercial de seu projeto mais ousado até então – Joana D’Arc (1999) – o realizador começou a investir com maior assiduidade em produções mais comerciais e menos arriscadas. Aqui ele decidiu apostar no talento ainda pouco conhecido do inglês Jason Statham, que foi lançado como protagonista de ação após participar de alguns projetos do início da carreira de Guy Ritchie. Num desempenho que combina a empatia de Bruce Willis com a selvageria de Steven Seagal, ele aparece como Frank Martin, um “transportador”, alguém que faz trabalhos arriscados à bordo do seu super carro, como fazer entregas ou conduzir ladrões de banco durante uma fuga. Seus problemas começam quando, desrespeitando uma de suas próprias regras – tão caras a si próprio em outras ocasiões – resolve investigar uma encomenda sob seus cuidados, somente para descobrir a bela Lai (Shu Qi, que anos depois apareceu em Nova York, Eu Te Amo, 2008). A partir deste ponto tudo desanda, envolvendo tráfico ilegal de orientais para a Europa e conflitos familiares entre mafiosos num resultado que lembra muito as tão conhecidas novelas mexicanas.

O interessante em Carga Explosiva, no entanto, é que não se perde muito tempo com explicações desnecessárias. Quem quer saber como a moça foi parar no porta-malas do carro? Por quê a polícia é tão legal com Frank? Ou qual o passado tortuoso do herói ou quais são as segundas intenções da mocinha? O único objetivo aqui é entreter, e isso se consegue razoavelmente bem – especialmente para quem não exige nada muito cerebral, apenas diversão pura e simples. Desde a seqüência inicial – uma perseguição automobilística absurdas e impressionante – o que é visto na tela conspira a favor dos sentidos básicos da audiência, e nada em direção ao seu raciocínio. Não há momento para reflexão: é apenas ação e reação, de forma contínua e incessante.

O diretor chinês Corey Yuen revela ser uma escolha acertada para o tipo de filme que Carga Explosiva quer ser. Ele consegue colocar o espectador no centro das lutas, mas sem explicitar a violência que realmente há nessas ocasiões. Ou seja, dessa forma pode-se apreciar os movimentos como num balé, bem sincronizado e perfeitamente executado, mas sem causar o mal estar da realidade dura e sanguinolenta. Tudo é muito inverossímil, e mesmo assim compramos o que é exibido de modo pacífico, pois fica implícita a verdadeira natureza do trabalho: diversão. Tem-se, portanto, um belo entorno, que causa uma impressão de puro entretenimento enquanto dura, mas que não perdura com a audiência. É descartável, atraente, grande e desprovido de qualquer tipo de conteúdo. Funcionou para apresentar Statham ao mundo e garantir mais alguns trocados para Besson, mas teria sido muito inconveniente ter oferecido algo além?

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
5
Thomas Boeira
6
MÉDIA
5.5

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