Crítica
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Sinopse
Mulherengo, Cassy Jones começa a enjoar das companhias femininas por conta da recorrente mania delas de se apegar. Essa restrição acaba transformando ele num sujeito cada vez mais solitário.
Crítica
Cassy Jones: O Magnífico Sedutor é um produto incrivelmente tupiniquim, mas que bebe na fonte dos filmes que mostravam os intensos swinging sixties na Inglaterra, como A Bossa da Conquista (1965), O Que é Que Há, Gatinha? (1965) e Como Conquistar as Mulheres (1966), utilizando do nonsense e da erotização para pintar um retrato alucinado do que foi aquela época. Luis Sérgio Person, em seu último filme, traz esse senso de humor tipicamente britânico, mas o colore com muita brasilidade, fazendo em plena década de 1970 uma comédia libertária e arrojada.
Na trama, Cassy Jones (Paulo José) é um mulherengo irremediável. Por onde passa, arranca suspiros das mulheres, que caem aos seus pés sem ele precisar dizer qualquer palavra. Cassy divide seu tempo entre suas muitas conquistas ao lado de seu amigo Rouboult (Hugo Bidet), outro que só pensa no sexo oposto, mas sem o mesmo sucesso. Depois de passar por um período complicado, em que tentou fugir do assédio feminino, o mulherengo se apaixona por uma bela moça que vê na televisão, a estonteante Clara (Sandra Bréa, estreando no cinema). Ele toma para si o desafio de conquistá-la, mas a situação irá se complicar quando ele descobrir que ela tem uma tutora osso duro de roer chamada Frida (Glauce Rocha). O que chama primeiramente a atenção em Cassy Jones: O Magnífico Sedutor é o colorido do desenho de produção, que traduz o estado sexual febril do protagonista em um caleidoscópio de cores, visto – principalmente – na casa do bon vivant. Impossível não notar o colchão de água transparente, cheio de peixinhos, no qual Jones costuma entreter suas convidadas, uma das peças mais curiosas em todo aquele apartamento. Além desse colorido visual, Person inclui cenas oníricas, verdadeiras alucinações, que trazem um ar surreal e muito bem-humorado ao longa-metragem.
Paulo José sempre foi um ator completo, passeando muito bem pelo drama e pela comédia. E aqui, ele está completamente à vontade como um Don Juan carioca, se divertindo com a aura de pastiche que Luiz Sérgio Person imprime na produção. O filme é todo dele até a metade, quando Sandra Bréa aparece e captura a atenção do espectador com seu talento e beleza ímpares. Ela é a única pessoa que parece ser páreo para Cassy Jones e o protagonista entende isso como poucos, embora possa ter feito uma leitura errônea nos primeiros encontros. Com participações especiais divertidas de Grande Otelo e de Carlos Imperial (que assina a trilha sonora e a grudenta música tema), Cassy Jones: O Magnífico Sedutor é um retrato de época divertido e nonsense. Visto nos dias de hoje, por óbvio serão notadas questões problemáticas, como o retrato altamente erotizado da mulher, tida como um objeto sexual apenas. Aqui, no entanto, não cabe culpar o diretor por essa polaroid setentista, pedindo uma evolução de pensamento que aconteceu anos e anos depois de sua morte. Ao menos, para seu crédito, Luis Sérgio Person constrói uma co-protagonista forte, que faz frente àquele mulherengo, não se deixando levar totalmente por sua lábia. Isso, em 1972, é digno de nota, embora possa não parecer.
Muito laureado, este último trabalho de Luis Sérgio Person participou de algumas premiações históricas. Em 1973, o longa-metragem foi exibido na primeira edição do Festival de Gramado, de onde saiu com o kikito de Melhor Diretor. Um ano depois, a Associação de Críticos de Arte de São Paulo escolheu Cassy Jones: O Magnífico Sedutor como o melhor filme do ano, lhe entregando o Troféu APCA, apenas o segundo prêmio outorgado pela renomada associação para obras cinematográficas desde sua criação.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Rodrigo de Oliveira | 7 |
Chico Fireman | 7 |
MÉDIA | 7 |
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