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Sinopse

Lee é um escritor que não está nada bem, pessoal e profissionalmente falando. Prestes a se divorciar, começa a trabalhar cobrindo o mundo do entretenimento como jornalista. Ele rapidamente questiona a importância daquilo.

Crítica

Woody Allen vinha de uma trajetória de sucesso em suas comédias dos anos 1990: Tiros na Broadway (1994), Poderosa Afrodite (1995), Todos Dizem Eu Te Amo (1996), Desconstruindo Harry (1997)... Todos estes filmes, ainda que não tenham atingido grandes bilheterias, conquistaram fãs entre público e crítica, inclusive concorrendo aos mais diversos prêmios na época. Então, por que Celebridades não teve o mesmo êxito que seus predecessores? Talvez Hollywood ainda não estivesse pronta para rir de si mesma. Afinal, o que há aqui é um imenso show de deboche sobre o mundo dos famosos, não apenas no meio cinematográfico. Ainda que a dúvida permaneça, vale dizer: o longa realmente pode não ser tão infalível quanto os títulos já citados, mas ainda mantém o alto nível da língua ferina do neurótico mais famoso da sétima arte.

Seu alter ego da vez é vivido por Kenneth Branagh, jornalista pessimista e insatisfeito que busca escrever um livro sobre uma realidade com a qual só é familiarizado “de fora”: o mundo dos famosos. Ele conhece vários, mas nunca foi um. E neste passeio que ele faz por este universo ele encontra os mais variados tipos: a atriz que vai pra cama com ele (Melanie Griffith), uma ambiciosa (Winona Ryder), a modelo tresloucada (Charlize Theron), a editora de sucesso (Famke Janssen), entre muitos outros. Além da fama, o que a maioria parece ter em comum é sua relação sexual como uma das armas para se conseguir o que quer.

Talvez a irregularidade no roteiro de Allen se dê pelas várias histórias que ocorrem em tela, algumas extremamente superiores a outras que parecem não fazer grande diferença em todos o contexto. Se, por um lado, a noite maluca com Charlize Theron (aliás, ainda em início de carreira e já demonstrando um grande talento que só se comprovaria com o passar dos anos) é uma das mais eficientes por mostrar vários aspectos que o cineasta parece querer discutir, por outro o enredo com Winona Ryder soa insosso e perdido.

O mais engraçado é ver como estes famosos que percorrem a tela parecem entediados. No final, Celebridades é paradoxal. Ao mesmo tempo que em critica a fama, ou melhor o que vem de ruim com ela, como a invasão de privacidade, por outro, realmente, celebra o fato. Afinal, todo artista que está sob os holofotes pode se expressar. Para o bem ou para o mal. Caso do roqueiro vivido por Leonardo DiCaprio. Quebrar tudo em um quarto de hotel chega até a ser clichê, porém não menos divertido nas mãos do cineasta, mas também revela que a impulsividade de quem acredita estar no topo pode chegar a limites extremos.

E quem não é famoso, como fica? Tentando ser. Em uma era em que a mídia nas mais variadas formas joga na cara de espectadores diversas subcelebridades de relativo sucesso (como uma música só), a busca pela fama seja ocorre através de fotos com nomes conhecidos ou fazendo poses para tentar se tornar um (afinal, o que é uma selfie?), ou até mesmo pessoas comuns que ganham seus quinze minutos de fama por feitos dos mais variados (seja um bombeiro que salvou um bebê ou o garoto que criou um viral de deboche que atingiu milhões), é interessante rever Celebridades e notar que o processo não mudou. Pelo contrário, ele ficou mais intenso. Agora todo mundo pode estar em evidência. É só saber como chegar lá.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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