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Sinopse

Estrela é um funcionário público que trabalha avaliando projetos de cinema para serem financiados. Celeste é uma diretora de curtas em vias de realizar seu primeiro longa-metragem, e em busca dos fundos necessários para isso. Quando os dois se encontram, ele se apaixona, mas ela só quer fazer seu filme.

Crítica

A cineasta brasiliense Betse de Paula possui aquilo que poderia ser chamado de “gene do cinema”. Ela é filha do também diretor Zelito Viana e irmã do ator Marcos Palmeira. Essa afeição pela sétima arte é tanta que se transformou no foco principal do seu segundo longa-metragem, Celeste e Estrela, uma bem humorada comédia que consegue combinar em seu argumento graça e um assunto sério com uma rara habilidade.

Depois de levar quase uma década para estrear em O Casamento de Louise (2001), Betse poderia considerar um progresso ter realizado Celeste e Estrela na metade deste tempo. Mesmo com apenas uma cópia disponível para o lançamento, ela conseguiu dar ao filme um tratamento digno de filho, mimando-o e levando-o a qualquer lugar onde conseguisse exibi-lo. Com um lançamento tão limitado, era de se imaginar que muitos não tenham tido a oportunidade de assisti-lo na tela grande. Algo a se lamentar, já que o esforço empreendido certamente se justifica no que se vê na tela.

Celeste (Dira Paes, luminosa, num dos melhores momentos de sua carreira) é uma cineasta em início de carreira. Após ser premiada com seu primeiro curta-metragem, começa a enfrentar o caminho das pedras para conseguir financiamento para seu longa de estreia, Amores Impossíveis. Durante este processo conhece Paulo Estrela (Fábio Nassar, premiado no Cine PE como Revelação), um crítico cinematográfico que se encanta pela genialidade e pelo estilo de viver dela. Os dois não poderiam ser mais diferentes – um calmo, a outra agitada; um cauteloso, a outra imediatista; um concentrado, a outra dispersiva – e, ao mesmo tempo, mais iguais um ao outro. Sabe os opostos que se completam? É isso que ambos irão perceber entre idas e vindas.

Celeste e Estrela é uma comédia romântica, e se assume como um exemplar legítimo do gênero. Mas não tão passageiro quanto Mais uma vez Amor (2005) ou O Casamento de Romeu e Julieta (2005) – apenas para citar dois exemplos contemporâneos. É uma produção com “recheio”, com algo a ser dito. É uma história feita para agradar os fãs do gênero, mas também àqueles interessados por um conjunto mais relevante, tanto em quesitos técnicos quanto pelo conteúdo. Realizado de forma independente, não faltam farpas no roteiro – co-escrito pela diretora – aos grandes projetos “desalmados” que seguem pipocando no nosso cinema. Mas esta crítica é feita de modo inteligente e nunca desrespeitosa, incitando mais à ironia do que ao deboche.

Betse de Paula demonstra ter progredido enquanto realizadora no processo percorrido entre O Casamento de Louise e Celeste e Estrela. As ideias que desenvolve revelam relevância e uma mão segura em sua concretização. Ao contrário de sua personagem, que encontra dificuldade em arrecadar os fundos necessários para o início de sua filmagem, Betse penou numa etapa posterior, ao tentar vencer o bloqueio das grandes distribuidoras e encontrar salas de exibição disponíveis para mostrar seu filme. Mesmo assim não desistiu, felicitando espectadores que tiveram a oportunidade de conferir uma das obras dona de interesse próprio e que facilmente se destaca no cinema nacional pós-retomada.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Grade crítica

CríticoNota
Robledo Milani
7
Matheus Bonez
6
MÉDIA
6.5

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