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Sinopse

A família Creed muda-se para uma nova casa em Ludlow, no estado norte-americano do Maine, e rapidamente fazem amizade com o novo vizinho, um velho homem chamado Jud Crandall. É este novo vizinho que lhes fala acerca do cemitério, localizado atrás de um outro "cemitério" de animais, feito por crianças tristes, cujos animais foram atropelados na auto-estrada.

Crítica

Para o cinema de horror, assim como o de fantasia e ficção científica, passar no teste do tempo é particularmente difícil. Frequentemente, as obras desses gêneros dependem de efeitos visuais para vender suas cargas dramáticas. Com o constante aprimoramento técnico, as mais antigas tendem a envelhecer mal, deixando de assustar, passando a provocar riso. Porém, é claro, o que marca o espectador num bom filme de terror não é o realismo da representação de sangue e vísceras, mas temas que exploram medos e ansiedades universais sustentados por um roteiro competente e boas performances. Cemitério Maldito, baseado num romance de Stephen King, fica numa posição curiosa nesse paradigma; enquanto a maior parte dos numerosos efeitos definitivamente perdeu o impacto depois de quase trinta anos, há surpreendente profundidade na história, ainda que o elenco não seja completamente capaz de colocá-la em evidência.

O roteiro, escrito também por King, acompanha a chegada da família Creed a uma nova casa no Maine, nos Estados Unidos. A residência fica bem ao lado de uma estrada na qual enormes caminhões passam constantemente a toda velocidade, o que transforma o lugar numa ameaça grande o suficiente para que exista um cemitério nas proximidades, destinado aos animais atropelados na rodovia. Não demora muito para o gatinho da família virar mais uma vítima dos veículos. Antecipando a dor que a pequena Ellie Creed (Blaze Berdahl) sentirá ao descobrir a morte de seu animal de estimação, o vizinho Judd (Fred Gwynne) ensina ao patriarca Louis (Dale Midkiff) uma maneira de trazer o felino de volta. Mas a ressurreição, é claro, vem a um preço muito mais alto do que o homem poderia imaginar.

Inicia-se, então, uma sequência de eventos cada vez mais trágicos que gradualmente desconstroem o que surge nos primeiros minutos como uma família feliz, digna de comerciais de margarina. No entanto, é difícil sentir efetivamente a crescente tragédia que envolve os Creed, pois os personagens, repetidamente e de maneira deliberada, se colocam em situações que certamente acabarão mal. Essas falhas poderiam ser amenizadas por performances fortes de atores carismáticos, mas esse, infelizmente, não é o caso. Talvez pela falta de contexto que o romance original oferece, nunca fica suficientemente clara a natureza da força maligna que se apodera de Louis, caracterizando-o como um personagem frustrante de acompanhar, sempre inclinado a (quase literalmente) cavar a própria cova e destruir tudo ao seu redor, sem razão aparente.

Pairam, entretanto, sobre as imagens repulsivas de criaturas trazidas de volta do além alguns questionamentos instigantes a respeito da morte. É significativo que Louis, médico certamente habituado a presenciar vidas se extinguindo, seja incapaz de aceitar o destino da própria família e enlouqueça tentando "resolver" o inevitável. Já sua esposa, Rachel (Denise Crosby), teme até o próprio conceito de mortalidade e não quer nem que ele seja explicado aos filhos, isso devido a um trauma de infância que, evidentemente, volta para assombrá-la.

Este filme pode parecer um pouco tolo por carregar muitas marcas do horror oitentista e uma porção de clichês, mas a direção de Mary Lambert consegue segurar o espectador na maior parte do tempo, além de ganhar pontos quando demonstra inesperada irreverência – é difícil não sorrir diante do sinistro senso de humor que transparece na decisão de encerrar o conto sombrio com a agitada canção dos Ramones, homônima do longa-metragem. Sim, há sequências não intencionalmente hilárias, nas quais atores claramente contracenam com bonecos nada convincentes, por exemplo, mas Cemitério Maldito também merece crédito por criar algumas imagens que realmente têm potencial para ressurgir nos pesadelos da audiência.

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cursa Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo e é editora do blog Cine Brasil.
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