Crítica
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Crítica
É um pouco difícil comentar sobre a carreira de Halle Berry sem citar o desastre chamado Mulher-Gato (2004) e outros casos constrangedores, como o terror Na Companhia do Medo (2004) e, recentemente, a incômoda comédia Para Maiores (2013). Após ter sido a primeira intérprete negra a ganhar o Oscar de Melhor Atriz, por A Última Ceia (2001), suas realizações nunca mais atingiram o mesmo nível. Junto com a estatueta dourada veio a tão temida maldição que assombra a maioria das vencedoras: ótimos salários associados à péssimas produções, que são seguidas de fracassos de público e de crítica. Apesar de atualmente ser lembrada por estes trabalhos irregulares, Halle Berry também mostrou, ainda que de uma forma um tanto discreta, ótimas performances durante esse período: no recente A Viagem (2012) ou ainda por Coisas Que Perdemos Pelo Caminho (2007) e Frankie & Alice (2010), pelo qual foi indicada ao Globo de Ouro. Mas o drama nunca foi sua zona de conforto ou de maior destaque – apesar de ter sido oscarizada por um filme do gênero. Berry tem um estilo mais versátil, se revelando capaz também em ação e suspense, essencialmente. E em Chamada de Emergência (2013), ela comprova uma verdadeira aptidão para o thriller.
Jordan (Berry) é uma atendente do número de emergência, o 911, que é como o 190 dos Estados Unidos. É uma profissão difícil e que lida com o pânico e horror a cada ligação atendida. As atendentes precisam se mostrar calmas, atentas e emocionalmente distantes, nunca prometer às vítimas o que não podem cumprir e definitivamente não se envolver pessoalmente com os casos. Mas a protagonista é diferente e não consegue se manter distante, e com isso a profissão começa a lhe afetar além da conta, alcançando o limite com o assassinato de uma garota enquanto a atendia. Inconformada e instável, Jordan se afasta do atendimento e passa a treinar novos profissionais, até que chega o dia em que a ligação de um terrível sequestro acontece e ela precisará enfrentar mais uma vez o mesmo assassino da traumática ligação anterior.
Dirigido por Brad Anderson, do elogiado O Operário (2004), Chamada de Emergência é fundamentado na sua forma através de uma edição com muitos cortes e jump cuts, movimentos de câmera oscilantes e efeitos sonoros, característicos do gênero. Não existem novidades na produção, é redonda e não traz nada de excepcional. Mas ao mesmo tempo apresenta, por mais que seja violenta, uma história de união feminina, contando com personagens fortes, mas que, infelizmente, devido a um roteiro desajustado e frouxo, não avança para uma discussão mais profunda na questão da violência contra a mulher. Halle Berry se esforça e entrega uma performance até excelente demais para um papel construído de forma tão psicologicamente rasa. O mesmo pode ser verificado com Abigail Breslin. Aliás, sua presença parece servir também para marcar a mudança física da atriz, que parece ter deixado bem para trás a pequena Olive, de Pequena Miss Sunshine (2003), estando pronta para tipos mais adultos, como a jovem Casey, sequestrada pelo serial killer.
Chamada de Emergência é enxuto e que parece passar muito rápido, focado mais em criar tensão do que em equilibrar o entretenimento com algum aprofundamento psicológico. Realizado com recursos independentes, acabou finalizado e vendido para a TriStar (subsidiária da Sony Pictures), que assumiu sua distribuição. Mesmo Berry não sendo uma aposta certeira de boa bilheteria, o filme surpreendeu nos Estados Unidos, se pagando na sua semana de estreia e conquistando uma recepção mediana. A carreira da atriz, apesar de promissora, nunca pareceu alcançar uma estabilidade em sua filmografia, repleta de alguns altos e muitos baixos. Ainda assim, não deverá encontrar aqui um caminho a ser seguido, mas ao menos o projeto serviu para despertar um novo interesse por ela.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Renato Cabral | 6 |
Chico Fireman | 6 |
Francisco Carbone | 5 |
MÉDIA | 5.7 |
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