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Crítica
Não é de hoje que o cinema de animação brasileiro vem encontrando seu lugar ao sol. Projetos como Uma História de Amor e Fúria (2012), indicado a três categorias do 19° Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro, O Menino e o Mundo (2013), indicado ao Oscar 2016, ou mesmo o recente Tarsilinha (2021) reforçam a pavimentação dessa linguagem como produto a ser distribuído com potencial no circuito. Em comum, carregam diversos elementos da cultura nacional, como musicalidade nativa, personagens atraentes, entre outros. Chef Jack: O Cozinheiro Aventureiro, de Guilherme Fiúza Zenha, divulgada como uma “animação 100% brasileira”, não parece se encaixar na mesma fileira dos exemplos citados.
O enredo segue o jovem adulto Jackson (voz de Danton Mello), abreviado como Jack, um chefe de cozinha que percorre o mundo em busca dos ingredientes mais excêntricos para o preparo de suas receitas. Às vésperas da “Convergência de Sabores”, importante competição de provas gastronômicas, é forçado a concorrer junto ao pré-adolescente Leonard, fã despreparado de Jack. Isso porque o campeonato exige que cada participante possua um auxiliar. Nessa jornada, inúmeros testes que misturam atividades físicas e culinárias são apresentados à dupla. Vale destacar que o dom do mestre-cuca é uma espécie de dádiva familiar a ser mantida, visto que o pai de Jack também deu sua vida à mesma profissão e passou pelo mesmo torneio, com louros.
É preciso ressaltar que logo de início há uma linha narrativa primária que mostra o aventureiro em uma incursão fracassada, antes mesmo do concurso. A partir do desagrado de um monarca mirim para com o famoso Quiche de Jack, sua especialidade, o protagonista decide entrar na competição para “provar seu valor”, que agora está ferido segundo a opinião pública. É interessante perceber que, logo depois, sua ida ao evento estava praticamente marcada, como um destino selado e planejado. Essa contrapartida evidencia uma estranheza, portanto, nas primeiras cenas do longa, cuja trama preliminar se torna dispensável. Outro arranjo de pouca força emocional está em Leonard, que pouco detém além de personalidade e destreza frágeis, que apenas permitem que o caminho de Jack se torne mais difícil. Nada mais do que um fã que prejudica.
As referências saltam à tela. O filme poderia muito bem conter o subtítulo “O Indiana Jones Cozinheiro”. Entretanto, enquanto o herói - interpretado por Harrison Ford - da saga idealizada por George Lucas e conduzida ao estrelato por Steven Spielberg, possui carisma suficiente para unir aventura e arqueologia, este acaba por não passar de um rapaz normal (?). Não há frases de efeito, junções competentes entre o desbravar e o cozinhar, tampouco um charme único. Há apenas o compromisso em vencer e carregar um legado familiar, preservando uma bandeira.
Assim como em O Menino no Espelho (2014), outro projeto assinado por Fiúza Zenha, a trama também carece de bons papéis de apoio. Como alívio, resta um rascunho de Kronk (brutamontes de A Nova Onda do Imperador, 2000), que chega a sustentar, de fato, um fraco vilão personificado num Chef francês rabugento e um garoto ajudante que propõe um ensaio de Hei Hei, o galináceo molenga de Moana: Um Mar de Aventuras (2016), ou seja, outro borrão.
Chef Jack: O Cozinheiro Aventureiro é admirável enquanto realização técnica. Em nada deixa a desejar em relação ao apuro técnico esperado dos profissionais da animação no Brasil. Pode, inclusive, agradar ao fazer valer suas elegantes cores bem dispostas. Entretanto, seria notável algo que interligasse melhor as figuras presentes aqui e que, talvez, gerasse um magnetismo mais original.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Victor Hugo Furtado | 4 |
Robledo Milani | 6 |
Celso Sabadin | 7 |
Francisco Carbone | 6 |
Alysson Oliveira | 6 |
MÉDIA | 5.8 |
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