Crítica
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Sinopse
Christopher Robin não é mais o garoto que adorava embarcar em aventuras ao lado de Ursinho Pooh e outros animais no Bosque dos 100 Acres. Agora um homem de negócios, cresceu e perdeu o rumo da vida, mas seus amigos de infância decidem embarcar no mundo real para ajudá-lo a se lembrar que aquele amável e divertido menino ainda existe em algum lugar.
Crítica
Os Estúdios Disney, que já foram considerados o maior celeiro de ideias de Hollywood, desde a virada do século tem reduzido sua estratégia a três frentes fortemente identificadas: Universo Marvel, Star Wars e releituras de clássicos do próprio acervo. Neste último ponto, o sucesso impressionante de títulos como Alice no País das Maravilhas (2010) e A Bela e a Fera (2017) – ambos ultrapassaram a marca do US$ 1 bilhão nas bilheterias de todo o mundo – tem aberto portas para os mais inesperados caminhos, como A Bela Adormecida sendo contada pelo ponto de vista da vilã (Malévola, 2014) ou o pouco lembrado Meu Amigo o Dragão (2016), que na versão de 1977 já contava com atores de verdade, tendo apenas o personagem-título animado. Com Christopher Robin: Um Reencontro Inesquecível, chega-se a um outro ponto, que num primeiro momento soa promissor, mas que não resiste a um olhar mais atento: parece apresentar algo de novo, porém não passa de uma mistura desengonçada de velhas e já gastas fórmulas.
Christopher Robin, para quem não lembra, é o menino vizinho do Bosque dos Cem Acres, onde mora o seu melhor amigo, o Ursinho Pooh, e outras figuras carismáticas, como Leitão, Tigrão e Ió. Quando chega na idade de partir para um internato, se vê obrigado a dizer adeus aos seus companheiros de aventuras, deixando-os para trás. O que acontece a seguir, portanto, é o mesmo que se verifica com qualquer criança: ele cresce. E, com isso, faz novas amizades, se apaixona, arruma um emprego e vira pai de família. Até chegar numa situação em que não mais se lembra de quem um dia já foi. Quando se vê soterrado de trabalho, sem nem ao menos poder aproveitar um final de semana ao lado da esposa e da filha, quem aparece para salvá-lo? Pooh, é claro. E quando se diz “salvar”, o que faz é lembrá-lo do garoto que há dentro dele, mostrando que sua imaginação não desapareceu, apenas ficou tempo demais sem uso.
Os mais atentos já devem ter percebido a grande combinação de argumentos da própria Disney – e alguns dos seus desdobramentos – que, aqui, são reciclados. O homem que não quer crescer é Peter Pan (1953). Os brinquedos de infância que são abandonados e ganham vida são Toy Story (1995). O pai que só trabalha e não tem tempo para a família até que surge alguém para resgatá-lo vem de Mary Poppins (1964). E o adulto que precisa voltar ao mundo que criou quando criança para recordar quem ele é de verdade está em Hook: A Volta do Capitão Gancho (1991). Não há absolutamente nada de original em cena, sendo que a trama não passa de uma grande colcha de retalhos, costurando pedaços aqui e ali. Alguns funcionam, outros nem tanto. Uma vez isso claro, é fácil saber o que esperar de Christopher Robin. Reencontro? Com certeza. Inesquecível? Nem tanto.
Se o enredo – escrito por nada menos do que cinco profissionais, entre eles o oscarizado Tom McCarthy (Spotlight: Segredos Revelados, 2015) – é desprovido de novidades, preocupando-se apenas em percorrer trajetos velhos conhecidos dos cinéfilos de plantão, sem nem ao menos desviar de clichês como a perseguição pelo trânsito de uma grande cidade ou a dualidade entre os mundos colorido e preto e branco, por outro lado há o acerto a respeito dos personagens envolvidos na trama. É uma maravilha se deparar com Pooh em toda a sua inocência, assim como descobrir como lidar com o medo latente do Leitão ou a excitação contagiante do Tigrão, sem falar no pessimismo contagiante de Ió. Sem falar de Ewan McGregor, um ator que parece ser capaz de tudo, até mesmo defender monólogos congestionados de tantos clichês como os que aqui encontra, melodramáticos até a medula, que só não se revelam constrangedores pois são entregues por um intérprete disposto a fazer milagres com o que recebe em mãos.
Importante que seja ressaltado, ainda, que Christopher Robin: Um Reencontro Inesquecível é pura fantasia, sem a mínima ligação com a verdade. Christopher Robin, como bem se sabe, era o filho do escritor A. A. Milne, que se inspirou nas brincadeiras do pequeno para criar os personagens que até hoje encantam milhares de admiradores em todo o mundo. Os interessados em saber a verdade por trás dessa história de abandono, abuso, tristezas e ressentimentos devem procurar por Adeus Christopher Robin (2017), um filme bem mais esclarecedor neste sentido – ainda que atenue muito sua visão dos fatos. Marc Forster, que no passado já investigara as ligações da vida real com o processo criativo de um escritor notável no drama Em Busca da Terra do Nunca (2004), dessa vez restringe-se ao faz-de-conta, esquecendo, no entanto, do principal: magia. E como resultado, até alcança bons momentos, mas nunca satisfaz por completo, indo apenas até a metade do potencial que tinha diante de si.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 5 |
Matheus Bonez | 6 |
Rodrigo de Oliveira | 6 |
MÉDIA | 5.7 |
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