Crítica
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Sinopse
Jeffrey Danfort tenta vender sua nova invenção a fabricantes farmacêuticos e descobre o quanto estes são governados pela corrupção. Ele resolve processar estas companhias contratando o serviço de Weiss & Dazinger.
Crítica
Chris Evans é um cara feliz. Seus filmes como super-herói (entre eles, Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, 2007, e Capitão América: O Primeiro Vingador, 2011) arrecadaram juntos, mais de 7,5 bilhões de dólares nas bilheterias de todo o mundo! Um resultado suficiente para deixar qualquer um com um enorme sorriso no rosto. Mas o astro, pelo jeito, não está satisfeito, e tem aproveitado seu tempo livre entre o Tocha Humana e o Capitão América para se envolver em projetos bem mais discretos, mas não menos interessantes. Como esse Código de Honra (título nacional péssimo e sem muito sentido para o original Puncture, ou seja, Incisão), um filme que quase ninguém viu, infelizmente.
Puncture (só irei me referir assim, pois o nome no Brasil é muito ridículo) merecia ter tido uma maior audiência – ou qualquer audiência, pois por aqui, assim como em muitos países, foi lançado diretamente em DVD – por dois motivos: pelo tema que aborda e pela ótima interpretação de Chris Evans, uma das melhores de toda a sua carreira. Ele aparece como um advogado de segunda linha, completamente entregue ao vício nas drogas, que percebe, quase que por acaso, que possui em seu colo um caso de alcance nacional que poderá mudar a sua vida e a do seu sócio (Mark Kassen, também co-diretor, ao lado do irmão Adam Kassen). Um engenheiro independente inventou uma “seringa segura”, que não pode ser reutilizada e é incapaz de provocar acidentes médicos. Parece algo perfeito, mas por que nenhum hospital se interessa em utilizá-la? É um legítimo caso de David e Golias, em que por trás do sistema de saúde existe um gigantesco monopólio de compra e venda de suplementos e equipamentos hospitalares que não possui o menor interesse em ter sua supremacia ameaçada.
Até 1966 só se utilizavam nos Estados Unidos seringas de vidro, que após serem utilizadas poderiam ser esterilizadas no calor. Essa data marca a morte do presidente da Thompson, uma das gigantes da indústria médica, e com a posse dos seus herdeiros optou-se por um sistema de produção mais barato e de grande rotatividade: a seringa de plástico. Como essa não pode ser esterilizada, sua utilização é apontada em estudos como uma das principais causas pela disseminação descontrolada dos mais diversos tipos de doenças – inclusive a AIDS – em todo o mundo, devido a sua reutilização irresponsável. Puncture fala sobre isso, mas fala também sobre como a ganância do ser humano o torna cego e, obviamente, sobre como qualquer tipo de vício pode acabar com um homem, independente de sua determinação em superá-lo, ou não.
Assim como nos pequenos e independentes Sociedade Feroz (2005) e London (2006), Chris Evans interpreta em Puncture um tipo que explora seus pontos fortes (o bom físico, o aspecto simpático, o visual atraente) ao mesmo tempo em que se arrisca também em campos mais ousados, como a violência, as drogas e temas sociais. Essa entrega e dedicação, aliadas ao fato de se tratar de uma história baseada em fatos reais, torna este filme relevante. Profissionais mais experientes provavelmente fariam dessa trama um produto melhor acabado e pertinente, mas isso não tira o mérito dessa obra que, mesmo que tenha um alcance restrito, cumpre com eficiência os objetivos a que se propõe.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 6 |
Thomas Boeira | 6 |
MÉDIA | 6 |
excelente filme.a velha história de David X Goiás, o dinheiro falando mais slto que a vida humana.excelente interpretação de Chris Evans.nota 100.
Você está um tanto equivocado. Puncture em inglês não significa exatamente incisão, mas sim punção, no sentido de punção venosa. Portanto, como muitas vezes acontece, é inviável deixar a tradução literal como título do filme, pois ficaria bizarro. Se fosse você o diretor, com certeza não daria o título de Punção ao filme, né? Os distribuidores tentam traduzir o significado do título original adaptando o sentido com outras palavras no idioma do país. Acredito que Código de Honra é uma tradução razoável de acordo com a história. E sobre ela, talvez você tenha se deixando manipular pelo roteiro tendencioso. São muitos questionamentos que devem ser feitos. Ou será que você realmente acredita que aqueles advogados são idealistas e a indústria farmacêutica monstros? A seringa ser de vidro ou plástico não altera em nada o resultado do uso irresponsável. Cuidado com esses filmes tendenciosos.
Como você é um excelente crítico , gostarias de saber quais os pontos éticos do filme se é que eles existem . Obrigada aguardo sua respostas.
Mito boa sua resenha. E elucidou o porquê não tive acesso a ele "de pronto". Tema muito delicado e importantíssimo! Quando fazia estágio em fisioterapia em um hospital aqui em BH, MG, quase furei meu dedo. Existem milhões de protocolos, regras para quem se lesiona com agulha. Parabéns pelo texto e por trazer a tona um filme despercebido pelo grande público! Cordialmente, Leonardo Nobre
Robledo, sua crítica é incisiva, com ou sem "seringa segura". A única falha do filme é não explicar como um cara tão viciado como Mike consegue tempo para ficar forte. A todo tempo ele fica sem camisa. Nem a injeção tomada pelo Capitão América explicaria. Mas isso é um detalhe. Fica a mensagem da história que precisava ser contada. Gostei bastante.
Pois então, João Paulo, creio que essa seja uma das grandes dúvidas do filme: o que fez um personagem dono de um ritmo de vida tão autodestrutivo mudar tanto? Acho que pode ser um pouco de cada, autopromoção e também vontade de fazer a coisa certa. Afinal, uma hora temos que colocar a mão na cabeça e parar de fazer tanta burrada, não é mesmo?
Prezado, Tive a sorte de, aleatoriamente numa daquelas buscas por vários canais, ter lido o nome “Código de Honra”(que, como bem dito por você, não condiz em nada como filme) e acabei assistindo ao filme. Gostaria de acrescentar na sua ótima resenha/análise, a cena que mais me chamou a atenção, que foi quando o personagem do Cris Evans, já tendo se encontrado com a senhora que era enfermeira e morreu de AIDS, viu, na TV, aquele advogado famoso que aparece no final e, claramente, tem um lampejo de que aquele caso que ele tinha em mãos poderia, como você bem disse, se transformar em algo grande. Agora, pelo próprio caráter do personagem, você não acha que o que o leva aceitar o caso foi mais uma questão de possibilidade de projeção nacional do que simplesmente a vontade de fazer a coisa certa?