Crítica
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Sinopse
Liz Gilbert tem tudo o que uma mulher moderna poderia sonhar: um marido, uma casa, uma carreira de sucesso. Mas assim como muitas outras, ela acaba se vendo perdida, confusa e à procura de algo mais em sua vida. Depois de tentar por várias vezes engravidar, acaba se separando e distancia-se de sua zona de conforto. Disposta a arriscar tudo, embarca numa jornada ao redor do mundo com a finalidade de se redescobrir. Na Itália encontra o prazer da culinária; na Índia, percebe o poder da oração; em Bali, sem que pudesse imaginar, descobre o verdadeiro amor.
Crítica
Uma mulher bem casada, com um bom trabalho, amigos fiéis e tudo o mais. O que lhe falta, então? Preencher seu vazio interior. Ao menos é o que vemos em Comer Rezar Amar, veículo estrelado por Julia Roberts e baseado no romance homônimo de Elizabeth Gilbert. Verdadeiro best seller, o livro é, na verdade, a narrativa dos acontecimentos que se passaram com a própria autora e reflete uma situação nada rara: a busca pelo algo mais na vida que gere não só prazer e satisfação, mas também excitação, estímulo e verdadeira felicidade.
Produto perfeito para o talento da 'linda mulher', Comer Rezar Amar não foi, no entanto, o sucesso que se esperava. Por outro lado, não pode ser considerado um fracasso – com um orçamento de US$ 60 milhões, arrecadou em todo o mundo quase quatro vezes esse valor! O problema foi a receptividade nos Estados Unidos, que ficou aquém do esperado – não chegou a ultrapassar a barreira dos US$ 100 milhões. Isso tem a ver também com a retorno bastante frio por parte da crítica, que acusou a estrela de trilhar um caminho seguro, sem ousadia ou riscos, entregando aquilo que todos sabem que ela é capaz.
Por outro lado, é difícil imaginar alguém mais apto para o papel da protagonista do que a própria Roberts. Extremamente à vontade, ela transmite bastante veracidade nos momentos de conflito do personagem, assim como convence quando, em sua jornada, encontra situações pequenas que lhe proporcionam grandes retornos. O problema do filme, no entanto, parece estar mais nas mãos do realizador. Ryan Murphy pode ser muito bom quando em contato com um material com qual se identifique – como o ótimo Correndo com Tesouras (2006) ou o seriado fenômeno Glee (2009) – mas fica como um peixe fora d’água ao tentar ser mais universal. Ele não transita com muita habilidade entre os diversos episódios que compõem a trama, deixando o resultado final muito longo e cansativo. É o legítimo caso em que as partes são muito mais interessantes do que o todo.
Apesar do título remeter a uma trinca, o filme é, de fato, dividido em quatro partes – ou melhor seria dizer, cidades. Começa em Nova York, quando Liz entra em conflito consigo mesma, abandona o marido e parte para um romance passageiro com um rapaz mais novo apenas para se dar conta que o que ela precisa mesmo é de uma mudança mais radical. Assim, decide largar tudo e passar um ano viajando por três lugares específicos, para em cada um se dedicar a um aspecto – ou seria verbo? – diferente de sua personalidade. A primeira parada será na Itália, para comer do bom e do melhor. Ou seja, dar prazer físico ao seu corpo, sem se preocupar com a balança, com o julgamento dos outros ou com as neuroses do cotidiano. Depois irá para a Índia, em busca de uma iluminação espiritual – é chegada a vez de rezar. E depois do corpo e da alma, por fim vem o coração, e nada melhor do que encontrar o amor de sua vida em Bali, na Indonésia.
Num primeiro olhar, Comer Rezar Amar pode soar como o típico filme de “mulherzinha”, direcionado quase que exclusivamente para mulheres mais sentimentais. Mas um olhar mais cuidadoso irá perceber que há mais ali do que essa impressão superficial pode transmitir. Delicado e emocionante, é acima de tudo uma mensagem de vida, através do exemplo de uma pessoa que precisou rodar o mundo todo para encontrar consigo mesma. Nem todo mundo partilha das mesmas condições que ela para fazer tal percurso, mas fica o exemplo: parar nem sempre significa retrocesso. Num mundo tão veloz como o atual, em que tudo é passageiro, às vezes é importante reconhecer a importância das pequenas conquistas, desfrutar do que é simples e aproveitar melhor o que está ao nosso redor. Conhecer-se, afinal, é o que fará toda a diferença no final das contas.
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