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Sinopse

Um funcionário de um zoológico aquático no Hawaii conhece uma garota que parece ser tudo com que ele sempre sonhou, a não ser por um detalhe: toda noite, ao dormir, esquece tudo o que viveu naquele dia, em um raríssimo caso de amnésia. Não desanimado com situação, ele decide que vai tentar conquistá-la todos os dias.

Crítica

Chega a ser preocupante o alcance do sucesso do astro Adam Sandler! Ainda que tenha começado do mesmo modo que outros tantos comediantes norte-americanos – integrou o elenco do programa televisivo Saturday Night Live – ele conseguiu se firmar como um verdadeiro fenômeno, apesar do seu talento ser mínimo e de sua expressão ser praticamente a mesma em todos os filmes que estrela. Após seu primeiro trabalho sério, o excelente Embriagado de Amor (2002), de Paul Thomas Anderson, se confirmar também como um dos seus únicos tropeços nas bilheterias, ele parece ter desistido de querer diversificar seu alcance dramático – ou apenas percebeu que carece de talento para isso. Como se Fosse a Primeira Vez foi um dos títulos surgidos na sequência e se trata de um conto de fábulas tolo e previsível mas que, inacreditavelmente, arrecadou quase US$ 200 milhões nas bilheterias de todo o mundo. Ou seja, o cara é bom negócio, mas desde que faça sempre a mesma coisa.

Em Como se Fosse a Primeira Vez, Sandler é um veterinário no Havaí que troca de namorada como quem troca de sapatos. Isso até conhecer uma moça especial, a professorinha vivida por Drew Barrymore. O problema é que ela, após sofrer um acidente, perdeu sua memória recente, ou seja, sempre que vai dormir esquece do que aconteceu no dia anterior – condição essa, aliás, completamente fictícia e inexistente na vida real. Ele, apaixonado, terá que tratar de reconquistá-la a cada novo dia.

Como se pode perceber de imediato, tem-se aqui um filme de uma só piada. E se fosse só isso talvez o resultado não se demonstrasse tão problemático. Isso porque o diretor Peter Segal (Corra que a Polícia vem Aí 33 1/3, 1994) não consegue centrar seu foco apenas no desenlace amoroso, e volta e meia acaba apelando para soluções um tanto constrangedoras, de baixo calão e nem um pouco engraçadas. Assim, recheado de piadas de duplo sentido e invariavelmente apelando para a escatologia, o tom termina por desandar de modo irremediável, estragando a experiência para qualquer um na audiência que tenha mais de dois neurônios funcionando.

Como se Fosse a Primeira Vez marca dois reencontros para Sandler: com sua co-estrela Barrymore, com quem protagonizou um dos seus primeiros sucessos (Afinado no Amor, 1998), e com o diretor Segal, com quem havia trabalhado em Tratamento de Choque (2003). Como no ponto de vista meramente comercial essas parcerias funcionaram, elas foam retomadas em outras ocasiões, gerando outros desastres (Juntos e Misturados, 2014, com a atriz, e Golpe Baixo, 2005, com o cineasta). No mais, o conjunto se resume em não mais do que pura perda de tempo – com exceção para a protagonista, uma presença naturalmente divertida em um desempenho comedido, mas ainda assim luminoso.

Mas há elementos que salvam Como se Fosse a Primeira Vez do desastre total? Talvez as belas paisagens havaianas – cenário curiosamente ainda pouco explorado pelo cinema hollywoodiano – ou pela graciosidade da ex-garotinha de E.T.: O Extraterrestre (1982). Ou mesmo que seja pela certeza de ver mais uma história de amor água com açúcar e sem surpresas. Apenas não espere originalidade, ideias criativas, desempenhos marcantes ou um humor mais inteligente. Afinal, um conjunto assim merece muito mais do que os escassos esforços aqui reunidos.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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