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Sinopse

Depois de convencer o seu vilarejo que os dragões não devem ser combatidos, Soluço convive com seu dragão Fúria da Noite, e estes animais integraram pacificamente a rotina dos moradores da ilha de Berk. Entre viagens pelos céus e corridas de dragões, Soluço descobre uma caverna secreta, onde centenas de novos dragões vivem, e não estão dispostos a viver em harmonia com os habitantes da ilha. Enquanto o perigoso Dragon Rider ameaça acabar com a paz no local, Soluço e Fúria da Noite unem-se novamente para provar que homens e animais devem ser parceiros.

Crítica

Qual era a história de Como Treinar o Seu Dragão (2010), desenho animado da DreamWorks que chegou a receber duas indicações ao Oscar – como Melhor Trilha Sonora e Melhor Longa de Animação? O rapaz mais franzino de uma aldeia viking acaba ensinando a todos os seus colegas mais fortes – e também ao pai (voz de Gerard Butler), líder da comunidade – a respeitar as diferenças de cada um ao conquistar a amizade de um Fúria Negra, o mais rápido e feroz dos dragões conhecidos. Assim, de inimigos, os monstros mitológicos se tornam os grandes companheiros dos guerreiros, comprovando que com dedicação e empenho muita luta desnecessária poderia ser evitada. Dentro deste contexto, onde se encaixa, portanto, a continuação Como Treinar o Seu Dragão 2? Infelizmente, dentro da opção fácil de oferecer mais do mesmo, principalmente através de exageros descabidos.

A trama do segundo filme é praticamente a mesma do capítulo anterior, aumentando-se o alcance da ação. Desta vez Soluço (voz de Jay Baruchel) não precisa mais lidar com as autoridades da vila onde vive, mas sim com um poderoso inimigo determinado a caçar a maior quantidade possível de dragões. Para tanto, conta com caçadores escravizados e um dragão alfa, um monstro de proporções gigantescas que consegue hipnotizar qualquer outro animal da espécie e colocá-lo sob seu comando. Ainda que no caminho o jovem reencontre a mãe (voz de Cate Blanchett) que há muito havia partido e a família seja novamente reunida, será preciso uma dose extra de ousadia e coragem para fazer frente a uma ameaça tão poderosa que não irá perdoar ninguém – nem mesmo os dois melhores amigos protagonistas!

Talvez esse seja o maior problema de Como Treinar o Seu Dragão 2: a falta de originalidade em sua realização. É tudo muito bonito e atraente, os voos à bordo dos dragões continuam de arrepiar e a riqueza de detalhes é de deixar qualquer um impressionado. Por outro lado, qual grande produção recente do gênero não atende a todos estes quesitos? Falta ao filme um diferencial que justifique a atenção dedicada pelo público, assim como o primeiro episódio tão bem fez, seja ao apresentar o universo dos dragões e suas múltiplas feições e formatos, ou ao escolher como condutor da história um personagem fraco e debilitado, que faz uso de sua deficiência justamente como fonte da força que precisa para mostrar seu valor. Era uma lição de vida e aprendizado, algo que é substituído dessa vez por sequências eletrizantes, porém facilmente esquecíveis.

Dean Deblois, diretor de Como Treinar o Seu Dragão 2, tem sido parceiro de Chris Sanders desde o início de sua carreira – os dois co-dirigiram juntos Lilo & Stitch (2002) e o primeiro Como Treinar o Seu Dragão. No entanto, atualmente eles tem atuado separados – Sanders realizou Os Croods (2013) e já está envolvido na sequência deste – e percebe-se que muito da magia que possuíam estava no fato de formarem uma boa dupla. Sozinhos, parece que algo está faltando. Este segundo capítulo de uma trilogia já confirmada – Como Treinar o Seu Dragão 3 já foi encaminhado – é divertido, emocionante nos momentos certos e tão envolvente quanto um plano bem executado. Porém lhe falta espontaneidade, algo que surpreenda e conquiste. Talvez a conclusão da saga traga novamente estes elementos. Por enquanto, mantém-se o bom nível visto anteriormente, mas fica a promessa de que melhorar é possível.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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