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Crítica


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Sinopse

Clay Riddell, um artista da Nova Inglaterra, testemunha um estranho fenômeno: uma transmissão de um sinal misterioso através da rede mundial de celulares que transforma a maioria dos seres humanos em ferozes animais irracionais. Agora, ele e alguns sobreviventes devem encontrar e parar a pessoa que o controla, além de seu filho, antes que seja tarde demais.

Crítica

Zumbis nasceram como uma metáfora. O bando de pessoas acéfalas e guiadas por instintos primitivos já foi consumista, ideológico, consequência ambiental e sintoma dos tempos modernos, com a superpopulação e tudo mais. Por isso que talvez a ideia de fazê-los escravos de um sinal de celular não seja a mais sutil das abordagens que o subgênero já ganhou. Porém, Conexão Mortal parte de um roteiro coescrito por e adaptado do livro de Stephen King, portanto, por mais absurda que seja a trama, temos de lembrar que estamos falando do autor que fez um carro assassino, um nevoeiro cheio de monstros e até um condenado à morte meio paranormal parecerem sacadas geniais.

A trama começa num aeroporto. O quadrinista Clay (John Cusack) se depara com um evento estranho: aparentemente todas as pessoas que falavam ao celular foram transformadas em criaturas violentas e sanguinárias. Com essa horda de assassinos em seu encalço, ele se junta ao maquinista Tom (Samuel L. Jackson) e parte em busca de seu filho, tentando, no meio do caminho, salvar quem consegue e descobrir um modo de reverter a epidemia.

Dirigido por Tod Williams (do ótimo Atividade Paranormal 2, de 2010), o filme é, obviamente, pensado para ser levado a sério, com uma fotografia muitas vezes intimista e até contemplativa, que abusa dos raios de sol forçando a contraluz no rosto dos personagens e na baixa profundidade de campo, sugerindo a delicadeza de suas personalidades. E funciona. É mais fácil dessa maneira levar na boa os diálogos absurdos que, longe de equivocados, têm, na verdade, a tarefa ingrata de explicar coisas como cérebros transmissores, zumbis que, literalmente, ficam sem sinal, e por aí vai.

De outra forma, John Cusack e Samuel L. Jackson, além das adições de Isabelle Fuhrman e Owen Teague, formam um time de protagonistas carismáticos e por quem temos algum prazer em torcer. Além disso, a estrutura do longa-metragem não cansa, apesar de tampouco inovar – chegam num lugar, conhecem alguém novo, conversam um pouco, são atacados, um deles morre, partem ao próximo, o ciclo se repete. Assim, se o interesse se mantém é porque King posterga as explicações sobre o funcionamento do nêmesis dessa turma, o que vai mantendo a curiosidade.

Entretanto, como começa a ficar óbvio de um ponto em diante, o filme cria um mistério que simplesmente não parece disposto a resolver. O que não seria problema se ele não tivesse estruturado todo o seu cativo em cima disso, como explicado acima. Desse modo, quanto mais próximo do desfecho, mais raso e aborrecido se torna o arco de Clay e Tom. Até que chegamos ao fatídico final que, claro, não consegue evitar a tolice, a preguiça e a obviedade. E tudo só fica mais decepcionante quando constatamos que: senhor King, você sabe fazer bem melhor.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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