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Crítica


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Sinopse

Sete homens e uma mulher são acusados de conspirar a morte do presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln.

Crítica

Apesar de ser um ícone do cinema americano, nos últimos anos Robert Redford tem se saído muito melhor como diretor do que como ator. Premiado com o Oscar de Direção em sua estreia como realizador (Gente como a Gente, 1980), ele vem desenvolvendo uma carreira bem tranquila por trás das câmeras, chegando a levar até oito anos entre um filme e outro. Por isso é curioso perceber a má recepção que seus dois últimos longas tiveram tanto do público quanto da crítica: Leões e Cordeiros (2007), que além de tê-lo como protagonista contava ainda com participações importantes de Tom Cruise e de Meryl Streep, e esse Conspiração Americana, feito em 2010 e somente agora lançado nos cinemas brasileiros. Em comum entre eles, o fato de ambos terem temas políticos – o primeiro, sobre as consequências da Guerra do Golfo, e o mais recente, sobre o assassinato do primeiro presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln. Sinal de que, independente se o assunto está no presente ou no passado, o ativismo de Redford continua enfrentando dificuldades para chegar até o público final.

Qualquer desavisado diria que este Conspiração Americana é um filme para concorrer a vários Oscars, levando em conta diversos quesitos: o elenco primoroso, o cuidado técnico e o enredo explosivo. É o tipo de história que ninguém consegue deixar passar em brancas nuvens, provocando reações em qualquer tipo de espectador. Em 1865, logo após a Guerra da Secessão, entre o Norte e o Sul dos Estados Unidos (vencida pelos nortistas), o país encontrava-se em reconstrução e o líder que o conduzia a um melhor futuro era Abraham Lincoln. Na noite do dia 14 de abril, em Washington, durante uma apresentação teatral, ele foi assassinado pelo ator John Wilkes Booth, um sulista fervoroso. Uma execução rápida era necessária para acalmar os ânimos exaltados, mas um resolução completa do crime exigia mais, e a conclusão era de que uma bala poderia tê-lo matado, mas não apenas um homem. Acreditava-se numa conspiração, com vários nomes envolvidos. Entre eles, o de Mary Surratt (Robin Wright, excelente), dona da pensão onde os assassinos se reuniam e mãe do rapaz apontado como braço direito de Booth.

A grande questão, no entanto, é: como comprovar a culpa dela? Que precedentes abriria esta condenação – seria a primeira mulher levada à morte pelo estado – ou como evitar uma revolta popular com sua absolvição? Este é o dilema enfrentado pelo Secretário da Guerra do governo federal, Edwin Stanton (Kevin Kline), que exige um veredito urgente da promotoria, e pelo jovem general e advogado Frederick Aiken (James McAvoy, competente), escalado para a defesa. No começo nem ele está disposto a ver além das manchetes de jornais, desejando livrar-se da incômoda ré o quanto antes. Mas algo fala mais alto, motivando-o a ir adiante: não são todos merecedores da justiça? E não são todos inocentes até que se prove o contrário? Por mais que as circunstâncias apontem para o envolvimento da viúva Surratt, nada comprova, de fato, sua culpa. Mas como absolvê-la?

O maior problema de Conspiração Americana é perder tempo demais com o arquétipo “filme de tribunal”, que é envolvente e armado de forma muito interessante, porém apresenta um final já conhecido e frustrante, e discorrer de forma muito econômica no real debate que a obra provoca, a respeito do espaço que a verdadeira justiça ocupa quando a vontade dos homens e do poder é maior. Uma fotografia absurdamente bela, que trabalha o tempo inteiro com um jogo de luzes e sombras, uma composição de época irretocável em perfeitos cenários e figurinos, e um elenco acima da média, que ainda oferece bons desempenhos de atores como Tom Wilkinson, Evan Rachel Wood e Danny Huston, fazem dessa uma obra acima da média, ainda que não plenamente eficaz em levar à cabo o discurso previsto. Adulto, maduro e inteligente, consegue escapar do resultado padrão devido aos talentos envolvidos, o que em casos como esse fazem toda a diferença.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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