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Crítica


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Onde Assistir

Sinopse

Em um bairro da periferia de São Paulo vivem juntos Teodoro, sua filha adolescente, Soninha e sua segunda mulher, Cláudia. Mas o dia-a-dia dessa família de classe média está assentado sobre mentiras. Em meio a matadores de aluguel, religiosos fanáticos, relações extraconjugais, uso de drogas e assassinatos, constrói-se uma trama de tirar o fôlego.

Crítica

Um dos filmes nacionais mais polêmicos e violentos do ano.” Assim chegou aos cinemas Contra Todos, premiada estreia na direção de Roberto Moreira. Tal determinação, no entanto, não deixa de conter um certo exagero. É uma produção interessante e digna de atenção, mas que também possui seus deslizes. É certo que não se dirige a qualquer tipo de público. E carrega, nessa constatação, tudo de bom e de ruim que disso possa ser compreendido.

A idéia é curiosa: os atores de Contra Todos aceitaram participar do filme sem terem lido o roteiro antes. Isso porque este simplesmente não existia! O diretor tinha, em sua mente, mais ou menos delineada a história que pretendia contar. Mas essa foi, basicamente, construída a partir das improvisações do elenco durante as filmagens. Antes de cada cena Moreira explicava, separadamente, a cada um dos atores, a situação do personagem naquele momento e o que ele queria deste. A partir desse momento, quando a luz se acendia e a interação entre os presentes no foco começava, tudo poderia acontecer.

No centro da ação de Contra Todos está uma família composta pelo pai, filha e a nova esposa dele. Tem o melhor amigo, o vizinho da casa ao lado, uma colega de escola da menina. Todos são moradores da periferia, classe média baixa. Aos poucos as máscaras sociais vão sendo reveladas, como camadas que gradualmente são descobertas. A esposa tem um amante. O marido, evangélico fervoroso, é, paradoxalmente, matador de aluguel. E a garota não está nem aí com o que se sucede ao seu redor.

O diretor afirmou que, uma vez terminadas as filmagens, não tinha a menor noção de que filme sairia dali, e que seu maior trabalho foi justamente juntar todos aqueles momentos registrados na película de um modo que fizesse sentido, como uma história lógica. Diz que a trama percorreu solta, indo parar muito longe do caminho inicialmente imaginado. Uma das principais alterações está no final, completamente diferente daquele proposto no princípio. Talvez por isso esteja neste também o maior desconforto de toda a obra, pois causa uma impressão de pressa e falta de ritmo com o resto do enredo.

Contra Todos é, enfim, uma experiência. É inovador, e por isso mesmo, arriscado. E esses riscos são suplantados apenas em parte. Quem sabe numa próxima vez a ousadia consiga ser melhor manejada para se ter espaço também para o planejamento e o estudo? A união do certo com o diferente é a fórmula da receita ideal. Nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno. A questão é saber encontrar o caminho do meio. Ao menos aqui se percebe que há alguma iniciativa nesse sentido.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Grade crítica

CríticoNota
Robledo Milani
6
Francisco Carbone
9
MÉDIA
7.5

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