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Sinopse

Jorge é capitão do BOP e ídolo brasileiro. Mas, ele acaba virando o inimigo público número um ao salvar um dos craques argentino às vésperas da Copa do Mundo de futebol. O homem é expulso da corporação e desacreditado.

Crítica

Em meados da década de oitenta, o roteirista e diretor David Zucker popularizou em solo americano o subgênero das comédias satíricas, que antes encontravam o seu maior representante – e até hoje inquestionavelmente os melhores! – nos longas do grupo inglês Monty Phyton. O cineasta, porém, não ficou muito atrás de seus espirituosos e politicamente mais incisivos colegas britânicos e entregou divertidíssimos e icônicos exemplares, como a trilogia Corra Que a Polícia Vem Aí, Top Secret! (1984) e Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu (1980). Entretanto, a força destas primeiras e inspiradas ideias se diluiu no típico besteirol e, agora, misturado ao “talento” do cinema nacional de grande orçamento para produzir comédias vergonhosas de tão ruins – e que se tenha em mente que não estamos falando aqui de um filme da Globo Filmes – estreia este mediano Copa de Elite, que se não chega a embaraçar o espectador muitas vezes, como faziam Totalmente Inocentes (2012) e As Aventuras de Agamenon, O Repórter (2012), não é mais engraçado por isso.

Investigando um possível atentado ao Papa durante a final da Copa do Mundo no Brasil, o Capitão Jorge Capitão (o nome do personagem de Marcos Veras é assim mesmo) se vê lado a lado com a aposentada prostituta Bia (Júlia Rabello), de quem foi roubado um vibrador atômico baseado em plutônio (!), para tentar recuperar o objeto e impedir o ator René Rodrigues (Rafinha Bastos, que passa por ator somente na ficção mesmo...) de concluir seu plano maligno. Em meio a isso, piadas são feitas envolvendo as mais diversas produções nacionais, embora uma menor envolvendo o seriado Breaking Bad e outra, que remete àquela da pichação com erros de ortografia em A Vida de Brian (1979), possam ser percebidas também. Somado a isso, o filme faz uma verdadeira salada de frutas de referências do mundo virtual pop, trazendo em certo momento Marcelinho, o fantoche protagonista do canal de leitura de contos eróticos no Youtube, a participação de Bruno de Luca, que acidentalmente acabou virando piada interna entre os seguidores do ótimo canal Porta dos Fundos, que claro, tem a sua parcela de influência ao trazer dois de seus principais atores em meio ao elenco.

O triste então é que, baseado em tantas obras e artistas talentosos – em certo momento, ouve-se a triste e memorável melodia do clássico episódio de Chaves onde o protagonista é expulso da vila – Copa de Elite se restrinja a tiradas doídas de tão óbvias. E aquelas que possuem alguma inspiração se mostram nada mais do que adequadas, inteligentes por natureza por serem simplesmente verdade, mas pouco cômicas. Entre elas, os momentos em que brinca com a violência policial são particularmente interessantes; “minha nossa senhora dos reacionários!” diz Jorge. Mas de novo, é algo que o filme original que satiriza (Tropa de Elite, 2007, no caso) já criticava com muita mais eficiência. O que é apenas lamentável quando se volta a pensar que tudo isso começou com Monty Phyton, que sabia levar ao debate e fazer rir aos montes paralelamente. Em determinado instante, por exemplo, o personagem de Rafinha Bastos aparece como capa da revista Olhe, mas não faria diferença se o filme usasse a sua versão real e não satirizada, a Veja, uma vez que não seria surpresa alguma a publicação trazer alguém da estirpe de Bastos sob uma luz favorável já de cara.

Nas raras vezes em que uma piada original funciona, é repetida a exaustão, como aquela que envolve uma bexiga sendo jogada em Jorge, seguida de um grito em off “Isso é mijo!”, ou outra que, brincando com Se Eu Fosse Você (2006), é engraçada a princípio, até que percebemos que ela toma mais tempo em tela do que o necessário. E para falar a verdade, não seria divertida desde o início se não contasse ao menos com o timing cômico de Júlia Rabello, disparada a melhor profissional entre todos do elenco, e, revendo alguns de seus vídeos no Youtube, é perceptível o quão desperdiçada a atriz é. Portanto, parafraseando a punch line de um dos personagens - repetida cinco vezes durante todo o longa: “Este filme não faz sentido algum!” “É porque é para poucos”... Os poucos que ainda tiverem paciência com as comédias nacionais. Ok, ok, parafraseando mais uma então - já que o filme não cansa de repetir a piada, por que deveríamos? – [imagine um grito em off]: “Isso é um filme ruim!”.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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CríticoNota
Yuri Correa
3
Cecilia Barroso
1
MÉDIA
2

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