Crítica
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Sinopse
Às vésperas de completar 90 anos, Alberto vive uma crise pessoal em que recorda dos fatos mais marcantes de sua vida, todos eles de alguma forma ligados ao bairro de Copacabana. Enquanto isso, seus principais amigos preparam uma festa surpresa, dispostos a comemorar seu aniversário.
Crítica
O cinema brasileiro, após o movimento que acabou sendo batizado como ‘retomada’, na metade dos anos 1990, precisou aprender como recuperar a confiança do público. E assim fez pelo método mais eficaz: pela prática. A repetição provoca a experiência, e é essa a mãe de todos os erros, o caminho mais indicado para encontrar o conhecimento. Um bom exemplo dessa teoria é Copacabana, entregue pela responsável do marco inicial do ressurgimento da produção nacional: Carla Camurati, também diretora do incrivelmente bem-sucedido Carlota Joaquina: Princesa do Brazil (1995), o filme que fez o mundo perceber que, sim, ainda se fazia longas de qualidade no país.
Dessa vez, a opção da cineasta foi menos ambiciosa – afinal, nada melhor do que seguir em direção oposta após ter alcançado feitos tão marcantes. Sua ideia é simples: como focalizar o mundo possível de existir em um único bairro? A comunidade em questão é composta por pivetes, travestis, banhistas, artistas de rua, engraxates, aposentados, e, acima de tudo, idosos. Já a localidade não poderia ser mais icônica – estamos nos referindo ao bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, considerado um dos lugares habitados por um dos maiores índices de pessoas com mais de 60 anos de idade do mundo!
O ponto de partida é similar ao de uma outra produção nacional da mesma época, Memórias Póstumas (2001). O enredo começa com o fotógrafo Alberto já morto, sendo velado em seu apartamento. A partir daí ele resolve contar como tudo aconteceu em sua vida até aquele momento. Não existe propriamente uma trama a ser seguida, e sim fatos isolados desta trajetória, alternando episódios de extremo saudosismo, beleza e até alguma escatologia (num dos poucos momentos impróprios e deslocados da história). O resultado não chega a ser nenhuma surpresa, mas é algo que se recebe com um discreto sorriso de canto, uma pequena fagulha de prazer.
O elenco é um show à parte. Com exceção de Marco Nanini, que vive o personagem principal (é mais fácil envelhecer alguém com maquiagem do que rejuvenescê-la) e da impagável Rogéria, vivendo ela própria, a turma de idosos amigos de Alberto compõem um seleto grupo dos profissionais na ativa da terceira idade no país, nos possibilitando uma oportunidade única para apreciá-los em ação, e o melhor, juntos. Laura Cardoso, Miriam Pires, Walderez de Barros, Luís de Lima, Camila Amado e tantos outros mostram, muitos em pequenas cenas, o porque de tanta vitalidade e energia, mesmo depois de mais de 70 anos de vida. É impressionante, uma verdadeira lição.
Bons momentos, atores em plena forma, uma reconstituição histórica que impressiona, um competente trabalho de direção. Tudo isso nos oferece um filme que merece ser apreciado com carinho e sem pressa, que deve ser curtido com lentidão e cuidado, assim como a velhice. É um alerta, mas também um recado tranqüilo de que é preciso mesmo muita sorte para que um dia estejamos nessa mesma situação vivida pelos personagens em cena. Isso, por si só, já justificaria o esforço dos envolvidos nesta realização e o nosso em investir nessa escolha. E vale a pena, pode apostar.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 7 |
Francisco Carbone | 7 |
MÉDIA | 7 |
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