Crítica
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Sinopse
Abril de 1945. Enquanto os Aliados fazem sua incursão final na guerra pela Europa, um sargento do exército endurecido pela guerra chamado Wardaddy é responsável pelo comando de um tanque Sherman e uma equipe com cinco homens em uma missão mortal atrás das linhas inimigas. Em menor número, com pouco armamento, e lidando com um soldado novato em seu esquadrão, Wardaddy e seus homens encaram inúmeras adversidades em suas tentativas heróicas de atacar o coração da Alemanha nazista.
Crítica
Uma das apostas dos estúdios Sony para o Oscar 2015, o drama de guerra Corações de Ferro acabou ficando a ver navios, sem conquistar uma única indicação ao prêmio máximo do cinema mundial. E não que o longa não tenha méritos para isso – obras inferiores lançadas nessa mesma temporada se saíram melhor junto à Academia de Hollywood, inclusive o contemporâneo Invencível (2014), de Angelina Jolie. Então, por que tamanho descaso com o filme estrelado pelo marido da atriz – e agora diretora? Simplesmente pelo fato dele ser irrelevante. É o típico caso de projeto que atira para todos os lados, mas nem a presença de um mega-astro como Brad Pitt consegue provocar efeito suficiente para atingir um alvo sequer.
David Ayer é um diretor de altos e baixos. Responsável pelo intenso Marcados para Morrer (2012), cometeu logo em seguida o frustrante Sabotage (2014), apenas para engatar na sequência esse Corações de Ferro (infeliz título nacional para o muito melhor Fury). Dessa vez ele deposita uma quase absoluta responsabilidade pelo projeto nos ombros do protagonista, interpretado com o afinco contumaz de Pitt, um ator que nunca deixa por menos. Mesmo que seja raro vê-lo em projetos aquém do seu talento, ele sempre oferece o melhor do seu talento ao personagem que defende. Aqui ele aparece como ‘Wardaddy’ (sério!), o líder de um pelotão reduzido a apenas meia dúzia de homens e um tanque de guerra. Estamos nos últimos meses da Segunda Guerra Mundial, em plena Alemanha, e por mais que os aliados estejam ganhando, no campo de batalha é cada um por si – e o maquinário americano é muito inferior ao do seu oponente, além do fato deste estar em sua própria casa.
Sua turma é construída a partir de uma miríade de estereótipos. Além do comandante durão, temos o religioso (Shia LaBeouf), o latino (Michael Peña), o maluco (Jon Bernthal) e o novato (Logan Lerman). Este foi o último a chegar, designado para substituir um recém falecido. O drama central da história é o relacionamento entre estes homens, principalmente naquele que aos poucos vai se desenvolvendo entre Pitt e Lerman: um precisa mostrar ao outro os horrores do conflito, ao mesmo tempo em que o outro irá amadurecer enquanto pessoa. Mais do que colegas, se tornam companheiros, quase pai e filho. O problema é que o realizador não consegue transformar os momentos entre os dois em passagens envolventes: tudo é muito rápido, atropelado até. Numa hora o garoto se recusa a assassinar um prisioneiro desarmado (o que, de fato, consistiria em um crime de guerra), mas na outra está atirando a torto e a direito, sem nem ao menos olhar para que lado está sua mira. Já o chefe tem suas marcas – físicas e psicológicas – misturadas como se fossem a mesma coisa, sem uma melhor delineação a respeito dos seus traumas passados.
Corações de Ferro não vai muito além disso. Se mete em terrenos pantanosos, como quando encontram duas garotas sozinhas em uma casa semidemolida, em que um idílico romance em formação pode muito bem ser interpretado como uma ameaça velada de estupro – “se você não a levar para o quarto, levo eu”, diz o mais velho, ao passo que o jovem conduz a moça ao aposento, sem esquecer de carregar consigo sua arma – e se contenta em apenas apresentar seus personagens, sem nunca desenvolvê-los com maior dedicação. Resta o final absurdo e previsível, em que todos caminham rumo ao inevitável como se isso significasse a glória, ao mesmo tempo em que abandonam uma das premissas mais latentes de qualquer combate: a estratégia. E ainda esperam que alguém se compadeça com o destino que lhes espera. Infelizmente, não dessa vez.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 5 |
Edu Fernandes | 6 |
Thomas Boeira | 9 |
Roberto Cunha | 7 |
MÉDIA | 6.8 |
Não sou crítico de cinema, mas sou leitor de guerra. Da pra analisar diversos ângulos. Se você ler Antony Beevor, e até Svetlana Aleksiévitch, consegue ver nuances históricos, que não puderam ser explorados pra não ficar maçante. A batalha entre o vulnerável tanque Shermanalém e o Tiger. A indiferença que o soldado precisa exercitar pra desempenhar sua tarefa, sabendo que está esmagando corpos enterrados na lama. Os soviéticos enviavam meninas de 16 anos para o fronte. Um filme de guerra é um filme de guerra. Achei a morte do protagonista deu credibilidade ao filme. Na guerra não têm heróis marcados.
você é muito tolo se acha que o sacrifício de guerra dos heróis no filme corações de ferro não teve nenhuma glória. impedir um grupamento nazista não é algo grandioso pra você?
A crítica è necessária até por que nenhum filme é perfeito. Lógico que não estou aqui para criticar o crítico e sim a crítica. Ao meu ver, o sargento não cometeu estupro velado, ele fez o que muitos jovens fazem: se você não chegar nela eu chego. E não é ele quem a conduz, ela se levanta primeiro e conduz o novato ao quarto. Quanto aos estereótipos.. eles existem em qualquer filme, até por que tudo hoje é estereótipo. Caso o autor entrasse em mais detalhes profundos sobre os personagens, o filme duraria 5h e ficaria absurdamente entendiante, mas uma coisa que concordo firmemente contigo, o fato de contar com um milagre no fim e o garoto “não ter sido notado” no final, tornou a história um pouco lunatica. Abraços.
Eu gostei muito do filme, mas concordo com o crítico