Crítica


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Sinopse

Vitória é uma moça portadora de Síndrome de Down e leva uma vida completamente normal. Entre as aulas de natação, piano e a faculdade, ela conhece o jovem Afonso, que não tem a deficiência. Mesmo assim, a paixão entre os dois será instantânea.

Crítica

Assim como há uma discussão pontual no cinema sobre o embranquecimento de personagens que verdadeiramente possuem origens mais diversas possíveis, não é de hoje que papeis de pessoas com deficiência (PcD) são oferecidos para atores que não sofrem de quaisquer deficiências. Performances marcantes são exemplos, como a de Dustin Hoffman em Rain Man (1990) e a de Sean Penn em Uma Lição de Amor (2001), mas nada supera a experiência de ver na tela uma atriz como Adriele Lopes Pelentir, que tem Síndrome de Down, protagonista de Cromossomo 21.

Na trama roteirizada e dirigida por Alex Duarte, Vitória é uma jovem que desafia ideias preconcebidas e preconceituosas sobre o lugar do down em nossa sociedade. Enquanto busca a normalidade para os seus dias, entre encontros com amigos, aulas de piano, canto e outras atividades, ela descobre acidentalmente o amor ao conhecer Afonso, que não possui a mesma deficiência genética indicada pelo título do filme. O interesse e empatia são recíprocos, mas não é o que ocorre ao redor do novo casal, cercado por pessoas que não aceitam esta relação amorosa.

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Da premissa que evoca uma versão alternativa da história de Romeu e Julieta, Cromossomo 21 desenvolve o romance de Vitória e Afonso entre um amontoado de clichês e fórmulas já muito exploradas em melodramas folhetinescos. Por grande parte da projeção os desafios do casal são cíclicos: eles se encontram, trocam carinhos e diálogos inspiracionais, encontram uma barreira e se separam, se reencontram e tudo ocorre novamente. Além das sabotagens da mãe de Afonso, interpretada malevolamente por Suzy Aires, estão no caminho o ex-namorado de Vitória, a irmã de Afonso e outras representações dos empecilhos sociais que limitam a vida de pessoas com deficiências. Nesse sentido, por mais que o filme seja didático e convencional, ele talvez funcione como cartilha educativa para toda uma sociedade que ainda reproduz discursos e atitudes erráticas e prejudiciais aos deficientes. Cinema não é escola, mas suas possibilidades educacionais são inegáveis.

A importância de uma produção como Cromossomo 21 ultrapassa as limitações técnicas e narrativas do próprio filme. A representação em tela, tão importante para quaisquer espectadores que se identificam em uma minoria, também torna esta produção tão especial e singular. Sua comparação com Colegas (2012) é inevitável, porém este possui valores de produção mais amplos, direção e fotografia mais maduros e desenvolvidos, além de se apoiar em uma trama puramente ficcional e onírica. Filmes como Hasta La Vista (2011) e A Gangue (2014) também são melhores exemplares do cinema com personagens e atores deficientes, mas, num universo onde estes raramente são protagonistas de suas próprias histórias, Cromossomo 21 também merece seu espaço.

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Adriele Lopes Pelentir é a maior graça de Cromossomo 21. A felicidade e carisma da atriz em cena são palpáveis, assim como sua dedicação na transição entre momentos dramáticos e cômicos. Alex Duarte, que se inspirou na atriz e amiga para fazer este filme, ainda deve encarar um caminho longo de amadurecimento como cineasta, mas nessa produção em específico ele e as problemáticas supracitadas ficam como coadjuvantes. Selecionado para o Los Angeles Brazilian Film Festival e exibido para uma plateia cheia e encantada durante o Festival de Cinema de Gramado 2016, Cromossomo 21 merece aplausos pelos louváveis feitos.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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Grade crítica

CríticoNota
Conrado Heoli
6
Edu Fernandes
3
MÉDIA
4.5

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