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Sinopse
Depois de descobrir que suas amigas da escola se referem a ela como D.U.F.F. - sigla para designar uma amiga feia - , Bianca pede para o atleta mais popular da escola ajuda-la a ter um visual estonteante.
Crítica
Os anos 1980 foram um período fértil no cinema hollywoodiano para as comédias estudantis. Afinal, durante quase três décadas o recorde de bilheteria do gênero foi mantido por uma produção dessa época – Porky’s (1982), com US$ 111 milhões, só foi superada por Superbad: É Hoje! (2007), com US$ 121 milhões. Em comum, estes e tantos outros filmes similares assumiam linhas narrativas muito próximas: ambientes escolares divididos em castas – os esportistas, as patricinhas, os estranhos – e professores um tanto tapados, regras a serem quebradas e um desespero quase incontrolável para perder a virgindade. E é dessa mistura que sai também DUFF, o mais recente exemplar dessa linhagem que, assim como os mais recentes, tenta inverter a ordem destes fatores, porém sem alterar de forma drástica o resultado.
Logo durante a apresentação DUFF tenta dizer a que veio. Uma narração comenta a mudança dos tempos, pois agora “as gostosas preocupam-se com o social, os atletas precisam se dar bem nos estudos e os nerds dominam o mundo”. Bianca (Mae Whitman), a protagonista, pensa que faz parte de um grupo, mas seu mundo vira de cabeça para baixo quando se dá conta que está em outro. Ela está sempre grudada nas duas melhores amigas, Jess (Skyler Samuels) e Casey (Bianca A. Santos), sem se dar conta de que é praticamente invisível ao lado delas. Quem lhe dá a real é o vizinho gostosão, Wes (Robbie Amell), que casualmente, no meio de uma conversa, lhe revela como ela é, de fato, vista por toda a escola: como uma D.U.F.F.! A tradução literal da sigla é: Designated Ugly Fat Friend, ou seja, Designada Amiga Gorda e Feia, aquela que serve apenas para realçar – por contraste – a beleza das que estão por perto, ao mesmo tempo em que funciona como ponte de acesso às mais belas – ou seja, é quem os garotos procuram, por não se sentirem intimidados, para saber o que as que eles estão interessados gostam, fazem etc.
Quando Bianca percebe seu papel nesta “sociedade”, decide mudar as coisas para o seu lado. Corta a amizade com as antigas amigas e faz um pacto com o colega: se ele a ensinar a se declarar para o menino que gosta, ela lhe dará aulas extras para que ele passe de ano e não perca a bolsa de estudos. Parece um acordo nos moldes daquele de Namorada de Aluguel (1987), e não será surpresa para ninguém o rumo dos acontecimentos a partir da aproximação dos dois. No entanto, DUFF se destaca da maioria ao investir em caminhos alternativos durante esse trajeto. Ao mesmo tempo em que moderniza as relações – o rompimento com as amigas só fica sério quando se dá pelas redes sociais, ao desfazer ligações no Facebook ou Instagram – também evita o estereótipo fácil do extreme makeover – isto é, roupas novas, muita maquiagem e cabelo arrumado. Bianca, antes de mais nada, decide mudar sua autoestima e a forma de se portar e de se apresentar ao mundo, numa iniciativa mais interna do que externa. O que faz toda a diferença.
Chama atenção também a qualidade do elenco. Whitman, que havia sido a amiga gótica de As Vantagens de ser Invisível (2012), possui um currículo extenso, e conduz com segurança a jornada de sua protagonista. A ótima Allison Janney é sempre uma delícia rever em cena, enquanto que Ken Jeong convence com uma presença muito mais contida do que a habitual. Já o diretor Ari Sandel, vencedor do Oscar pelo curta West Bank Story (2005), estreia no formato ocupando-se apenas do básico e desocupando o caminho para que seus atores defendam a trama da melhor maneira possível. Dessa forma, DUFF ganha pontos pelo jeito leve e sem muitos dramas que carrega sua história, dando oportunidade para um personagem feminino brilhar dentro das expectativas, como um patinho feio que conquista seu lugar ao sol sem atropelar ninguém nem deixar de lado seu verdadeiro eu. O que, diante das condições apresentadas, já tá de bom tamanho.
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