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Sinopse

John Wick é um assassino de aluguel aposentado. Após perder tudo na vida, ele vive solitário. Porém, surge uma situação em que Wick é forçado a voltar ao jogo e enfrentar a máfia, em busca de vingança.

Crítica

Filmes de ação no estilo “exército de um homem só” não tem tido tanto espaço ultimamente, e quando aparecem nem sempre são muito interessantes. É uma fórmula que parece não ser mais tão atrativa como fora alguns anos atrás. Mas às vezes ela ainda prova que tem capacidade de surpreender, e se obras recentes como Operação Invasão (2011) e sua continuação lançada este ano são exemplares que se destacam, outras como Jack Reacher (2012) conseguem apenas divertir. E eis que este John Wick: De Volta ao Jogo chega agora aos cinemas e dá mais um bom respiro ao gênero, mesmo não tendo nada muito inovador para apresentar.

Escrito por Derek Kolstad, De Volta ao Jogo traz Keanu Reeves como John Wick, um assassino de aluguel que largou seus serviços para se dedicar a vida de homem casado. Mas quando sua esposa, Helen (Bridget Moynahan), morre devido a um câncer, John fica sem chão até o momento em que descobre que ela lhe deixou um último presente: um cachorro para lhe fazer companhia. No entanto, sua paz é rapidamente interrompida quando Iosef Tarasov (Alfie Allen), filho do chefão da máfia russa Viggo Tarasov (Michael Nyqvist), rouba seu carro e mata o pequeno animal. Mas, ao contrário do pai, que trabalhou com John quando este ainda estava na ativa, Iosef não tem ideia com quem mexeu.

Não é uma história particularmente original, sendo um típico filme de vingança. Talvez a única grande diferença resida na motivação pessoal do protagonista, que é um tanto atípica para esse tipo de projeto. Muitos diriam que um cachorro seria uma razão boba para alguém fazer tanto estardalhaço, e sabendo disso o roteiro obviamente faz com que a pequena e adorável Daisy signifique mais do que “apenas um cachorro”. Quando John coloca a coleira ao lado do colar de sua esposa, por exemplo, sabemos o que o animal representou para ele apesar do pouco tempo de convívio, justificando qualquer pancadaria posterior.

E dá-lhe violência! Muito bem coreografadas e comandadas com segurança pelos estreantes Chad Stahelski e David Leitch (este último não foi creditado na função, mas apenas por conta de certos regulamentos do sindicato de diretores), as cenas de ação representam um dos pontos altos do filme, mantendo um ritmo frenético envolvente e explorando com eficiência as habilidades do protagonista. E é impossível não ressaltar o contraste gritante entre a rapidez e objetividade que John demonstra quando entra em ação e a forma quase apática com a qual ele surge inicialmente. É como se o retorno a sua antiga vida lhe desse o gás que havia perdido após as tragédias pelas quais passou.

Aliás, apesar de ser interpretado pelo inexpressivo Keanu Reeves, John Wick se revela um personagem interessante, não só pela maneira como age contra os vilões, mas principalmente pelo respeito que todos têm por ele, o que inclusive rende cenas divertidas. Quando Viggo descobre quem seu filho resolveu cutucar, o “Oh!” que deixa escapar estabelece a grande reputação do protagonista sem que seja necessário mostrá-la de forma mais explícita. Tal fama praticamente torna uma honra morrer pelas mãos dele. E, ainda que suas limitações como ator fiquem claras em momentos emocionais, Reeves merece créditos por encarnar John com força e determinação, convencendo como herói de ação, sem falar que sua apatia parece trazer certa calmaria para o personagem, se encaixando bem no personagem.

Claro que John Wick: De Volta ao Jogo tem problemas que enfraquecem o resultado final. Mesmo que John exiba alguma vulnerabilidade em determinados momentos, ele ainda assim acaba sendo uma figura forte demais para que possamos temer pelo que vai acontecer com ele. Além disso, há elementos na história que não são muito desenvolvidos e parecem servir apenas para que a projeção dure um pouco mais (a Srta. Perkins de Adrianne Palicki vem em mente). E por ter que dar um destino para mais coisas do que precisaria, o roteiro chega a vislumbrar vários finais, sendo que aquele que realmente encerra a trama é um tanto óbvio. Mas isso não é o suficiente para fazer com que o filme termine deixando um gosto meio amargo na boca. É uma produção cuja proposta funciona bem durante a maior parte do tempo, rendendo um entretenimento satisfatório – o que não deixa de ser uma boa surpresa.

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é crítico de cinema, formado em Produção Audiovisual na ULBRA, membro da SBBC (Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos) e editor do blog Brazilian Movie Guy (www.brazilianmovieguy.blogspot.com.br). Cinema, livros, quadrinhos e séries tomam boa parte da sua rotina.
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