Crítica
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Sinopse
Em missão para resgatar Taylor, que desapareceu no espaço, Brent, um outro astronauta, atravessa uma fenda do tempo e chega até 3.955 d.C. Porém, sua nave se espatifa no mesmo planeta em que Taylor desapareceu. Paralelamente, os símios resolvem atacar a Zona Proibida, enquanto Brent descobre uma raça de mutantes que se comunicam telepaticamente e que adoram uma bomba atômica, que é capaz de destruir a Terra inteira.
Crítica
Com o final bombástico de O Planeta dos Macacos (1968), esperava-se que sua continuação, De Volta ao Planeta dos Macacos (1970), seguisse o caminho deixado e nos mostrasse o que aconteceu com o estupefato astronauta Taylor (Charlton Heston) depois de deparar-se com um monumento conhecidíssimo na beira da praia. Os primeiros minutos da sequência apontam para isto. Inclusive, o desfecho do original é reprisado, para mostrar que a história é uma continuação direta. Infelizmente, a promessa não é cumprida. O que vemos é um arremedo de trama, personagens subaproveitados e uma tentativa de buscar dinheiro fácil com uma recém-criada saga de sucesso.
O ano era 1969 e a Fox não passava por um bom momento financeiro. Alguns de seus filmes acabaram não dando a resposta esperada e a saída foi apelar para a continuação de uma das suas mais bem sucedidas produções dos últimos tempos. O problema é que o dinheiro para fazer direito esta sequência não estava sobrando. Com corte de orçamento e sentidas ausências no elenco (Charlton Heston faz uma ponta e Roddy McDowall não estava disponível para reprisar o papel de Cornelius), De Volta ao Planeta dos Macacos chegou aos cinemas em 1970 com a responsabilidade de continuar a história deixada pelo ótimo roteiro de Michael Wilson e Rod Serling, baseado na obra de Pierre Boulle. Mas tudo é inferior nesta continuação. Até a maquiagem, inovadora no original, mostra-se precária. É bom lembrar que a direção saiu das mãos do oscarizado Franklin J. Schaffner e passou para o operário Ted Post, experiente diretor de tevê, mas com pouco traquejo no cinema.
Sem Charlton Heston, que aceitou apenas participar por duas semanas das gravações, o roteiro do ganhador do Oscar Paul Dehn e do produtor transformado em roteirista Mort Abrahams precisou explicar a ausência do protagonista. A ideia encontrada foi retirar Taylor no início da trama, promovendo seu retorno no desfecho. O problema desta artimanha é que dilui o impacto da cena final do longa anterior. Reencontramos o personagem cavalgando com sua Nova (Linda Harrison), como se nada tivesse acontecido, como se seu mundo não tivesse virado ao avesso. Em meio ao passeio, algo estranho chama sua atenção e, ao investigar, Taylor some em uma espécie de buraco invisível. Chocada, Nova perambula pelo local até encontrar outro astronauta, Brent (James Franciscus) – muito parecido com Taylor, inclusive – que seguiu seu colega na mesma rota. Ele agora conhecerá os macacos Cornelius (David Watson) e Zira (Kim Hunter) e se envolverá em um conflito que colocará os símios em contato com a Zona Proibida, local que esconde um estranho segredo.
Notadamente, os produtores escolheram um ator que lembrasse Heston para evitar que o público se virasse contra o personagem e para que ele pudesse, de alguma forma, continuar o que seu antecessor começou. Com isso, outro problema surge. Brent nunca parece tão aterrorizado com o que vê. Sejam macacos falantes, sejam paisagens nova-iorquinas no que deveria ser um planeta símio, nada parece tirar o astronauta do sério. Claros furos de um roteiro que foi construído com Taylor em mente e que, na pressa, apenas limou o personagem e trocou seu nome. A jornada empreendida faria mais sentido com o astronauta do original, por isso estas inconsistências. Franciscus tenta fazer o que pode e, no começo, se mostra bastante confortável no papel. Confiante, consegue segurar bem as cenas que divide com Maurice Evans (o dúbio macaco Dr. Zaius) e Kim Hunter (a obstinada Zira) – novamente, os melhores do elenco. Quando a trama dá uma reviravolta e foca no que está escondido dentro do planeta, o ator exagera demais nas caras e bocas, destruindo um bom trabalho que havia feito até ali.
O segredo que o planeta dos macacos esconde em suas entranhas só é interessante por apresentar um grupo que cultua uma bomba atômica, uma ótima crítica naquele momento de Guerra Fria. De resto, tira completamente o foco dos símios, os coadjuvantes de direito do longa-metragem. Nem o retorno de Charlton Heston nos minutos finais de De Volta ao Planeta dos Macacos consegue elevar a qualidade da produção. Continuação feita a toque de caixa, não chega nem perto da originalidade, qualidade e da crítica social realizada no primeiro capítulo da cine-série.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Rodrigo de Oliveira | 3 |
Thomas Boeira | 4 |
MÉDIA | 3.5 |
Na época foi um filme muito lucrativo além do sucesso estrondoso, causou um grande impacto na sociedade, mexeu com nossos valores e mostrou a verdadeira face da raça humana. Estará sempre na minha memória sobre os perigos das armas de destruição em massa e como as políticas mundiais afetam a todos, socialmente, economicamente e no meio ambiente. Com certeza em algum momento futuro, uma outra espécie irá tomar o nosso lugar como ser vivo dominante, devido às nossas falhas motivadas pela cega ambição por dinheiro e poder. Não tem jeito, algum maluco um dia irá apertar o botão vermelho do holocausto nuclear, com os dinossauros foi assim, foram exterminados pois chegara a sua hora. Conosco não será diferente, um dia chegará a nossa hora e quem será o nosso sucessor? Quem sobreviverá às guerras e a destruição do meio ambiente? Insetos? Vírus? Águas vivas, medusas, Bactérias? Peixes? Aves? Macacos? Aguardaremos os próximos capítulos da saga da vida na Terra.
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