Crítica
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Sinopse
Harry descobre ter uma filha que precisa dele para um transplante de rim. Ele leva na viagem o amigo Lloyd e os dois percebem que talvez não possuam os requisitos necessários para serem pais.
Crítica
Quando um bom filme faz sucesso e sua desejada continuação fica vários anos no limbo sem ser desenvolvida, algumas dúvidas pairam no ar. É realmente válido trazer os personagens em uma nova história ou seria melhor deixá-los quietos, já que estariam saindo por cima? Debi & Lóide (1994) passou por isso. Apontada pelos fãs como uma das melhores comédias da década de 1990, em vários momentos pareceu estar prestes a ganhar uma continuação, mas esta nunca ia pra frente (deixemos o prequel lançado em 2003 no esquecimento que merece). No entanto, 20 anos depois, Jim Carrey e Jeff Daniels finalmente retornam aos seus famosos personagens neste Debi & Lóide 2, novamente sob o comando dos irmãos Peter e Bobby Farrelly. E é um alívio poder dizer que a espera valeu a pena e quaisquer receios com relação ao projeto foram em vão.
Escrito pelos próprios diretores em parceria com Bennett Yellin (que contribuiu no primeiro filme), Mike Cerrone, Sean Anders e John Morris, Debi & Lóide 2 coloca Lloyd Christmas (Carrey) e Harry Dunne (Daniels) voltando a conviver juntos depois de o primeiro pregar uma peça épica no amigo. Eles então descobrem que a antiga namorada de Harry, Fraida Felcher (Kathleen Turner), teve uma filha dele e a deu para adoção. Considerando que Harry está precisando de um transplante de rim e a garota, Penny (Rachel Melvin), pode ser a única doadora compatível, a dupla parte em uma viagem para encontrá-la. Obviamente, causam confusões homéricas pelo caminho, principalmente quando se envolvem com o pai adotivo dela, Dr. Pinchelow (Steve Tom), cuja esposa, Adele (Laurie Holden), quer tirá-lo de circulação para ficar com a herança.
Debi & Lóide 2 segue mais ou menos a mesma fórmula usada anteriormente, usando uma estrutura de road movie em sua história e chegando a repetir situações e piadas. De certa forma, isso pode denotar alguma falta de criatividade por parte dos roteiristas. Mas a verdade é que não chega a incomodar tanto, servindo como base para que as sacadas do roteiro (sejam elas repetidas ou não) divirtam em sua maioria. É bacana e até mesmo nostálgico (re)ver Lloyd e Harry fazendo as patetices com as quais nos acostumamos, provando que são mais estúpidos do que imaginávamos, o que não poderia ser mais apropriado (o que dizer, por exemplo, do caminho que fazem para ver os pais de Harry?). Além disso, o roteiro não deixa de prestar homenagens ao longa original, trazendo de volta elementos conhecidos daquele universo, como a van canina dos protagonistas e o vizinho cego Billy (Brady Bluhm), que novamente vira alvo de piadas hilárias.
Jim Carrey e Jeff Daniels retomam admiravelmente a química entre seus personagens, algo que se não acontecesse certamente faria o projeto perder sua razão de ser. Se as piadas funcionam, isso se deve à incrível inocência adotada pelos atores ao encarnarem seus personagens, agindo como se a estupidez deles fosse perfeitamente normal diante das outras pessoas. A reação deles a uma revelação sobre sexo, por exemplo, é engraçada exatamente por estarmos falando de duas crianças grandes. Aliás, a dupla é tão parada em sua imaturidade que usa exatamente as mesmas roupas de adolescente do primeiro filme, e se lá elas já soavam deslocadas, aqui isso é ainda mais perceptível – afinal, estamos falando de dois homens de meia-idade.
Debi & Lóide 2 não é excepcional como seu antecessor. Seria surpreendente se isso acontecesse. Mas é um filme bem sucedido não só em suas tentativas de causar o riso do público ao longo da projeção, mas também em tornar prazeroso rever seus cativantes protagonistas, que definitivamente não mudaram nada nestas duas décadas.
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