20141114 debi e loide 2 papo de cinema1

Crítica

É de se questionar quais teriam sido as razões para este filme ter sido feito, ao menos artisticamente falando. No entanto, tentar combinar a franquia Debi & Lóide com o conceito de Arte é uma tarefa praticamente impossível. Mas se o original – e a sequência direta, lançada 20 anos depois – ao menos ainda contava com os talentos inegáveis de Jim Carrey e Jeff Daniels, neste episódio “zero” (mas, contra todas as evidências, também batizado de “2” no Brasil) nem isso existe. Afinal, Debi & Lóide 2: Quando Debi Conheceu Lóide é um legítimo caça-níqueis, feito à toque de caixa para aproveitar o sucesso do primeiro filme e quase sem conexão entre eles. Uma bobagem descartável, na melhor das hipóteses.

Debi & Lóide 2: Quando Debi Conheceu Lóide, como o próprio subtítulo já adianta, se passa antes dos eventos mostrados em Debi & Lóide: Dois Idiotas em Apuros (1994). No entanto, a despeito dessa curiosidade quase mórbida, não há uma só razão que justifique a existência deste festival de nonsense e desperdício que o máximo que consegue é provocar bocejos e cansaço nos pobres infelizes que por acaso estiverem na audiência. Totalmente desprovido de graça, configura-se numa falta total de atrativos relevantes. Como protagonistas estão os novatos Eric Christian Olsen (Celeste e Jesse Para Sempre, 2012), ocupando o lugar de Carrey, e Derek Richardson (O Albergue, 2005), fazendo às vezes de Daniels. Os dois, no entanto, são sombras pálidas em relação às suas versões mais maduras, e o que estes faziam com naturalidade, fica evidente nos jovens o esforço depreendido, porém incapaz de resultados semelhantes.

Numa referência muito manjada em cima do título original de Harry & Sally: Feitos um para o Outro (When Harry Met Sally..., 1989), Debi & Lóide 2: Quando Debi Conheceu Lóide (Dumb and Dumber: When Harry Met Lloyd) coloca em cena os fatos que marcaram o encontro na juventude de Débi (em inglês, Harry) com Lóide (Lloyd), ainda na escola. Apesar do disfarce cômico, tem-se somente mais uma comédia adolescente que investe no besteirol inconsequente, sem maiores repercussões. Essa, no entanto, era a única solução para a continuidade da marca, uma vez que se encontrava no auge de sua popularidade, Jim Carrey se recusava a voltar ao personagem, preferindo arriscar em novos projetos. Situação bem diferente da vista em 2014, quando o astro, já em baixa, aceitou participar da continuação direta Debi & Lóide 2.

Com uma trama que trata, de modo muito confuso, de um golpe do diretor da escola (Eugene Levy, de American Pie: O Reencontro, 2012) para fugir com a copeira (Cheri Oteri, de Gente Grande 2, 2013), paralelo ao início da amizade dos dois idiotas, Debi & Lóide 2 fica no meio do caminho de qualquer linha narrativa possível, sem chegar a lugar algum que provoque o mínimo de interesse. O humor é ingênuo, o roteiro possui uma estrutura muito frágil e os atores apostam na caricatura ao invés de tomarem os personagens para si. Por fim, pouca coisa se salva, como a piada do ice juice, que chega a congelar o cérebro dos dois provocando fácil identificação, e a impressionante semelhança física dos dois atores que interpretam os personagens centrais com os protagonistas originais. Se ao menos essa paridade fosse além da questão física, talvez o resultado fosse diferente. No entanto, o melhor é esquecer essa anedota sem graça.

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