Crítica
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Sinopse
Elia Venezia é um psicanalista que trata seus pacientes através da hipnose. Preguiçoso e sedentário, para tratar da saúde é forçado a fazer o que mais odeia na vida, um pouco de exercício. Para treiná-lo surge a personal trainer Claudia. Meio avoada e sempre pronta para entrar em apuros, Claudia será capaz de mudar a vida de Elia.
Crítica
O ator italiano Toni Servillo fez sua estreia nas telonas no início dos anos 1990. Mas foi em 2013 que a sétima arte lhe concedeu um de seus melhores papeis com o culto e sedutor Jep Gambardella, o protagonista de A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino. Agora, o ator vai poder mostrar ao público brasileiro, durante a mostra 8 ½ Festa do Cinema Italiano, sua veia cômica no leve e divertido Deixa Rolar.
Dirigido por Francesco Amato, o filme é uma comédia romântica baseada na velha premissa de que os opostos se atraem, mas até entrarem em sintonia vão ter um longo caminho se repelindo. O protagonista, Elia (Servillo) é um psicanalista desiludido com a profissão e desleixado com a própria saúde que, após uma dor no peito, resolve correr atrás do prejuízo indo contra suas convicções. O Elia que inicia o filme instruindo um paciente de que academias de ginástica são lugares infestados de pessoas ridículas é obrigado a largar o sedentarismo e subir na esteira. O contraste entre ele e o ambiente frenético repleto de pesos e espelhos é um convite para desistir. Eis que cruza seu caminho uma personal trainer maluquinha chamada Claudia (Verónica Echegui), lhe oferecendo aulas particulares. Seria uma saída inteligente, não fosse Claudia uma moça falante e disposta a construir com o rabugento aluno uma amizade, e não apenas uma relação profissional.
É o início de uma série de situações que provocam o riso por meio da falta de jeito do nosso personagem condutor com corridas e exercícios. Nenhuma novidade, já que sedentários rumo a uma rotina saudável não são uma novidade no cinema, em mais de um gênero, aliás. O diferencial fica por conta dos diálogos bem escritos que constroem uma batalha entre Claudia e Elia. Ele, sempre valorizando o conhecimento, e ela, incansável em conseguir mais que cinco abdominais de seu aluno. Esta troca entre eles e também alguns tons da fotografia fazem lembrar Poderosa Afrodite (1995), no qual um Woody Allen cheio de referências literárias e jazzísticas confunde e encanta a prostituta interpretada por Mira Sorvino. Fica claro desde a primeira cena que haverá romance, mas o roteiro não tem pressa, nem fica deixando pistas do interesse de Elia. As poucas cenas em que ele perde o fôlego ao observar as curvas de Claudia não são o foco principal. Até porque será a ânsia de viver sem medo das consequências que fará tanto a história da personal trainer como a do próprio Elias seguir adiante.
Mesmo permeado por clichês, Deixa Rolar é divertido e valoriza seu elenco. Até as caras e bocas de Verónica Echegui possuem o seu valor e combinam com o ritmo proposto. Os mais exigentes, que esperam que todo filme europeu seja envolto de densidade mesmo quando o objetivo principal é fazer rir, também terão seus momentos de satisfação, em especial com as piadas sobre id, ego e superego propostas por Elias. Deixa Rolar tem o efeito uma boa massagem após um dia de intenso trabalho: relaxa e garante que o dia seguinte comece mais feliz.
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