Crítica
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8.6
Sinopse
Depois de conseguir entrar incógnito na casa de um colega da aula de literatura, um jovem resolve escrever sobre a aventura em seu trabalho de francês. Admirado com o dom do aluno à escrita, o professor volta a ter acesa a velha chama do ensino. No entanto, uma dessas invasões desencadeia uma série de eventos nefastos.
O filme Dentro da Casa é extraordinário, uma aula de Psicanálise. É o que gostaríamos que fosse ou pudesse ser. As conclusões permanecem totalmente em aberto. Numa acepção mais corriqueira, pode ser uma espécie de invasão de privacidade, aquilo que as pessoas adoram conhecer da intimidade dos outros; numa outra dimensão, alude a várias outras referências, como, por exemplo, a Teorema, de Pasolini. Não importa se as cenas que mostram as incursões do rapaz são verdadeiras ou fruto da própria imaginação, se da imaginação do próprio rapaz ou do professor. O professor, frustrado, desmotivado (muito coerente com os tempos atuais), encontra um objeto para projetar suas próprias fantasias e, portanto, vai (re)construindo sua própria estória. A casa é a alma, em que ele mesmo penetra, como penetra, talvez um mergulho em seu próprio inconsciente. O rapaz propiciou a oportunidade de o professor desbravar o seu próprio labirinto. Acho que é um filme para ver várias vezes, lamentavelmente guardado por anos nesse armário a que a mídia e os circuitos comerciais relegam as grandes obras, assim, como, talvez, o livro que o professor escrevera a sua obra deixada no fundo do baú. Atuações notáveis, direção impecável, roteiro admirável.