Crítica
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Sinopse
Crítica
Depois de Orgulho e Preconceito (2005), Joe Wright e Keira Knightley resolveram repetir a parceria bem sucedida em mais uma adaptação literária para o cinema. Desta vez, sai Jane Austen, entra Ian McEwan. Diretor e atriz embarcam em mais uma trama de época em Desejo e Reparação,uma parceria bastante festejada pela crítica internacional, vencedora de prêmios como o Globo de Ouro (no qual foi eleito o Melhor Drama) e Oscar (emplacando uma estatueta dourada e mais seis indicações). Ainda que esta obra tenha recebido mais louros, empalidece frente ao trabalho anterior de ambos.
Na trama, assinada por Christopher Hampton, estamos no ano de 1935. Briony Tallis (Saoirse Ronan) é uma talentosa jovem que passa seus dias em frente à máquina de escrever. Imaginativa, a garota acaba por presenciar fatos da vida de sua irmã Cecila (Keira Knightley) junto ao filho da governanta da casa, Robbie (James McAvoy) que, tirados do contexto, poderiam criar problemas para a dupla. A chegada do irmão das garotas junto a um amigo almofadinha mudaria bastante o destino daquele trio. Acusado por Briony de um crime que não cometeu, Robbie acaba sendo levado a prisão e, posteriormente, à Segunda Grande Guerra. O desenrolar dessa história faz jus ao título do filme.
Joe Wright acerta ao colocar o ponto de vista da narrativa primeiramente nos olhos de Briony, que é a personagem mais inocente da trama. Ao vermos os acontecimentos através da ótica da pequena garota, ficamos nos questionando o que está havendo na história. Depois, ao sabermos de todas as informações, tudo acaba fazendo sentido, mantendo um bom ritmo inicial para a narrativa. O problema é que esse recurso precisa ser abandonado lá pela metade da história, fazendo com que o filme perca seu brilho inicial. Quando a trama dá lugar ao que está acontecendo com Robbie durante a guerra, o ritmo da narrativa mergulha em um estado de hibernação, transformando o drama interessante em um enfadonho registro da participação britânica na guerra. Mesmo que o diretor tenha feito um belo plano seqüência, revelando os horrores do combate, isso não ameniza o fato de que o filme se torna maçante quando abandona o ano de 1935.
E isso deve-se muito ao fato de a boa surpresa do longa-metragem – que atende pelo nome de Saoirse Ronan – acabar “cortada” da trama no meio da projeção. Ela sim possui uma atuação destacada, roubando a cena da dupla principal de adultos. Acertadamente, a Academia premiou (de certa forma) a bela performance da então menina com uma merecida indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Ainda que McAvoy e Knightley tenham boas atuações, as indicações ao Globo de Ouro e ao Bafta foram exageradas.
Esta superestimação não fica restrita apenas às atuações. A grande antecipação que acompanhou a chegada de Desejo e Reparação aos cinemas acabou jogando contra o filme, que não consegue responder à altura das expectativas. O que salva este drama da enfadonha segunda parte da história é o seu ato final, brilhante. Com ótimas atuações do trio principal, com Romola Garai no papel de Briony, e com o twist do desfecho com uma participação especial de Vanessa Redgrave, o longa-metragem acaba ganhando muitos pontos. Para finalizar, chama a atenção também, logo nos primeiros minutos do filme, sua inspirada trilha sonora, composta por Dario Marianelli, vencedora do Oscar daquele ano, que usa o barulho da máquina de escrever para criar um interessante tema sonoro para a personagem escritora. Se todo o resto do filme fosse tão satisfatório quanto a trilha sonora e o último ato, teríamos um novo clássico em mãos. Não é o caso, no entanto.
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