Destruição Final: O Último Refúgio
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Ric Roman Waugh
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Greenland
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2020
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EUA / Reino Unido
Crítica
Leitores
Sinopse
Um cometa segue em rota de colisão com a Terra. Uma família tenta encontrar algum espaço pretensamente seguro para sobreviver ao apocalipse iminente. Nessa aventura, seus integrantes vão enfrentar o pior do ser humano.
Crítica
Gerard Butler parece determinado a ocupar o lugar que já foi de Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Bruce Willis ou Dwayne Johnson em tempos passados. Assim como ícones de outrora, como Paul Newman ou até Fred Astaire, em no fim de suas carreiras também ousaram marcar presença em exemplares do gênero, e escocês que já passou de forma desajeitada pelas comédias românticas aos musicais parece ter se encontrado, de verdade, nos filmes-catástrofe. Essa impressão se confirma numa olhada rápida em sua produção recente, que inclui títulos como Tempestade: Planeta em Fúria (2017) e Fúria em Alto Mar (2018), sem esquecer da trilogia Invasão. Pois eis que a linhagem ganha agora mais um representante com Destruição Final: O Último Refúgio, que o coloca mais uma vez no papel com o qual está acostumado – do herói disposto a tudo para salvar aqueles com quem se importa – ao mesmo tempo em que revela o desgaste da ideia. Isso se percebe principalmente pelo pouco investimento nos efeitos visuais e na reciclagem de velhas ideias que, ao serem reaproveitadas pelo roteiro, servem apenas para colocar em evidência uma narrativa envelhecida e ultrapassada.
Com direção de Ric Roman Waugh (o mesmo de Invasão ao Serviço Secreto, 2019, também estrelado por Butler) e roteiro de Chris Sparling (do problemático O Mar de Árvores, 2015), Destruição Final: O Último Refúgio não perde tempo para dizer a que veio: uma chuva de meteoros se encaminha para a Terra, e apenas alguns foram selecionados para se protegerem em bunkers providenciados pelo governo – isso nos Estados Unidos, é claro. É mais ou menos o sentimento vivido duas décadas atrás quando filmes como Armageddon (1998) e Impacto Profundo (1998) causaram forte impacto nas bilheterias mundiais – diferente de agora, quando tudo o que se consegue verificar é uma tímida marola. Só que ao invés do espectador assumir a posição privilegiada de observador do caos e assolação que se abate sobre o planeta, ele é convidado a acompanhar os pequenos dramas vividos pela família do protagonista, incapaz de se dirigir em paz até o destino ao qual são direcionados.
Será durante essa jornada que todos os clichês possíveis e imaginados passam a ser agregados à trama, a maior parte deles sem o menor cuidado para que suas inserções se deem sem tropeços ou alardes. Pra começar, temos um casal – Butler e a brasileira Morena Baccarin – em vias de separação (que, obviamente, irão se redescobrir apaixonados em meio à tragédia anunciada). Há, depois, o filho pequeno dos dois, que irá somar outra questão a ser enfrentada: como desgraça pouca é bobagem, o menino é diabético, e exige cuidados especiais de tempos em tempos. Aliado a isso, há o fato de que apenas pessoas sadias serão “salvas” nesses locais de segurança – e, com isso, sua passagem é cancelada. Nesse momento, pai e mãe se separam – e, lá pelas tantas, até a criança se verá sozinha – dividindo a trama em três linhas.
Isso seria pouca coisa, não fosse tudo bastante previsível. Mas até mesmo esses deslizes poderiam ser perdoados, se ao menos o espetáculo fosse garantido – o que, de fato, não acontece. Com exatas duas horas de duração, leva-se dois terços (ou mais) até que o primeiro meteoro comece a explodir por perto dos personagens. Até ali, o perigo é apenas alertado, mas nunca muito iminente. Até esse ponto, o que se vê são vizinhos e amigos sendo deixados para trás sem muito pesar (ou paciência), um único familiar aparecendo apenas para se despedir – e proferir algumas palavras de impacto no processo – e outros empecilhos dos quais eles logo se livram, sem muito esforço. É como se a estrutura do que aqui se chama “cinema” fosse a de um videogame, com etapas a serem superadas uma sequência após da outra, sendo jogadas por alguém que já está mais do que cansado de toda essa operação.
Resta, por fim, o lado humano de todo esse imbróglio. É quando Gerard Butler se mostra ainda mais distante dos brutos citados no começo desse texto. Afinal, Stallone já foi indicado ao Oscar, Schwarzenegger é um dos maiores astros de todos os tempos, Willis e The Rock já se mostraram com desenvoltura também em outros campos de atuação, como o suspense e a comédia. E o que Butler consegue, além de ser sempre o mesmo? A cada nova explosão, a audiência fica a um passo de ouvir um novo “Isto é Esparta!” proferido pelo valentão, como se ele estivesse eternamente no mesmo filme. Sem perdas que importem – ninguém fica em cena o tempo suficiente para criar qualquer tipo de relação com o público além dos protagonistas – nem um alarme que encontre ressonância entre a plateia, Destruição Final: O Último Refúgio pode ser visto apenas como um passatempo, mas dos mais cansativos e frustrantes da atual temporada.
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