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Crítica


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Sinopse

Durante a Expo-Bruxos, a maior feira de bruxos do mundo, Pippo, Bento e Sol viajam até a Itália para investigar o sumiço da feiticeira Berenice, que foi sequestrada pelos bruxos Máximo e Mínima Buongusto. Com o trabalho em equipe e a ajuda da avó de Pippo, eles farão de tudo para desvendar esse mistério.

Crítica

O sucesso comercial de Detetives do Prédio Azul: O Filme (2017) permitiu aos produtores voos maiores nesta sequência. Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano é um filme mais sofisticado, não apenas por exibir imagens captadas, de fato, na Europa, mas por conta de uma ambição cinematográfica evidente. A diretora Vivianne Jundi, veterana das telinhas, faz aqui sua estreia à frente de um longa-metragem, dando conta do recado, inclusive, ao propor leves expansões para o universo centrado nos detetives Sol (Letícia Braga), Bento (Anderson Lima) e Pippo (Pedro Henrique Motta). Há um quê de Harry Potter, filiação escancarada quando a trinca esperta sobe numa vassoura encantada para cruzar continentes a fim de desembarcar na Itália. A trama começa com um suspeito concurso musical levado a cabo pelos irmãos Mínima (Fabiana Karla) e Máximo (Diogo Vilela), obviamente uma dupla de bruxos, cuja intenção permanece envolta numa bruma de enigmas. Cabe às crianças tentar salvar o dia da maldade desses dois, para isso fazendo uso de sua contumaz esperteza.

Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano faz um bom uso dos efeitos especiais para acentuar o caráter lúdico do conjunto. As figurinhas carimbadas do elenco estão todas presentes, com uma exceção sentida. Tamara Taxman dá lugar a Claudia Netto, que se sai muito bem como nova Dona Leocádia. Embora de participação limitada, ela consegue demonstrar personalidade, concebendo uma personagem que mantém determinados traços da interpretação de Tamara, sem com isso negligenciar a sua marca. Há uma questão familiar subjacente, relativamente bem aproveitada, que envolve a distância de Pippo do avô vivido por Antonio Pedro. Esse vínculo é acessado frequentemente no desenrolar da história, fornecendo a ela pitadas de dramaticidade. Nada, no entanto, que desvirtue as características da marca, ou seja, a constituição de uma aventura descompromissada, voltada ao público infantil, mas suficientemente boa para ganhar adultos.

É notável o acréscimo de qualidade com a entrada de Vivianne Jundi na direção. Claro, os ganhos também podem ser imputados à elevação do valor de produção, mas a encenação de Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano tem alguns indícios que apontam à tentativa intermitente de fugir ao trivial, de, mantendo o espírito original, atingir algo linguisticamente próprio ao cinema. Os voos de vassoura, por exemplo, são instantes utilizados para oferecer paisagens belíssimas, tanto as italianas quanto as brasileiras – mais precisamente as cariocas. A sucessão de planos de contexto como esses ajudam a afastar qualquer subserviência à esfera televisiva. Na telinha, os detetives, com raras exceções, têm jornadas delimitadas pelo estúdio. No que tange às interpretações, além da trinca principal, que esbanja carisma e segurança em papeis aos quais os atores estão acostumados pela experiência adquirida com o tempo, os destaques ficam por conta de Fabiana Karla e Diogo Vilela, divertidíssimos como os vilões, e Antonio Pedro, o avô gente boníssima.

Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano é um filme moldado para extrair da marca o que a tornou célebre na televisão, com a possibilidade de investimento largo nas possibilidades que especificamente o mundo da magia descortina. Berenice (Nicole Orsini), o elo direto entre as crianças empoderadas pela coragem e o viés mágico, sai da posição de menina antipática a esse trio de protagonistas e acaba sendo integrada à galerinha disposta a salvar o dia. Aliás, ela é a única personagem que percorre um caminho de mudanças, sendo os demais apenas cumpridores do que seus ideais básicos solicitam constantemente. Todavia, mesmo evitando investir decisivamente no perigo em determinados momentos, oscilando diante do risco, a produção é um entretenimento na medida aos fãs dos Detetives do Prédio Azul que agora levam suas estripulias para outro continente, sem perder a identidade, mas dando leves prenúncios de terrenos novos a serem explorados, claro, desde que os êxitos nas bilheterias continuem assim o permitindo.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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