White God
Crítica
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Sinopse
Em uma sociedade distópica em que a criação de cachorros implica no pagamento de uma taxa especial, Lili (Zsófia Psotta), uma menina de 13 anos, tenta reencontrar seu melhor amigo canino após seu pai (Sándor Zsótér) raptá-lo.
Crítica
Filmes sobre revolta de animais não são novidade no cinema mundial, como bem mostraram Tubarão (1975) e Orca: A Baleia Assassina (1977), entre outros. Mas quando o animal em questão é o melhor amigo do homem, a mordida é mais embaixo. Por essa razão, White God despertou o interesse da imprensa e do público, que o aplaudiu intensamente após sua primeira exibição no evento, com direito a presença do cachorro-artista e tudo. O húngaro Kornél Mundruczó já foi premiado em Cannes por Delta (2008), com o FIPRESCI (prêmio da Crítica Internacional), e esta é a terceira indicação do cineasta, sendo a primeira na Mostra Um Certo Olhar (Un Certain Regard). O filme começa com uma cena impressionante – com centenas de cachorros reais – e termina com outra visualmente forte. Mas, infelizmente, ao longo do desenvolvimento da trama começa a patinar, perdendo a força da proposta.
A jovem Lili (Zsófia Psotta) é filha de pais separados e muito unida ao seu lindo e carinhoso cachorrão Hagen. Quando sua mãe pede para que ela fique com o pai por um longo período, devido a uma viagem, a solução é levar o animal. Só que uma vizinha denuncia a existência dele no prédio, em acordo com uma política de banimento dos cães vira-latas em Budapeste, e o pai, para completar, não percebe que a filha já não é mais tão criança. Estressado com a rebeldia da filhota, ele abandona Hagen na rua e começa aí a jornada dele pelo mundo cão – quer dizer, desumano – quando conhecerá a falta de carinho e o gosto de sangue.
Escrito pelo próprio diretor em parceria com mais dois autores, o roteiro reserva novas sequências fortes, mas sai flertando com vários gêneros, como aventura, suspense, infantil, terror, faroeste (Sergio Leone) e até mesmo trash movies. E isso tendo como base um drama?!? Temperando essa verdadeira salada, a música climática de Asher Goldschmidt está longe de ser ruim, mas quando a ração é muita, o que sobra na tigela pode ir para lixo.
Não menos importante, a ideia de explorar a sub-trama da adolescência acaba esvaziando a relação dono/animal. Esse desejo de reencontro, no entanto, retorna muito depois, como que por encanto. White God não funcionará para um time de cinéfilos e poderá ser um prazer para outros, que poderão curtir ver uma eventual crítica ao nazismo na questão da "faxina racial". Indo mais além, deverá agradar ao menos aqueles que verão no título em inglês ecos do cultuado Cão Branco (1982), de Samuel Fuller.
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