Crítica
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Sinopse
Val Waxman foi um cineasta de muito prestígio no passado, haja vista os dois Oscar que ganhou. No presente, ele é um homem neurótico em busca de uma segunda chance. Pouco antes de começar as rodagens de seu novo filme, inesperadamente ele tem uma cegueira psicológica. No entanto, ele decide trabalhar mesmo assim.
Crítica
Dirigindo no Escuro retoma principalmente dois temas da filmografia de Woody Allen: as crises e os bloqueios criativos. Na trama, que não deixa de ser envolvente apesar da repetição de tema, Allen retrata a si mesmo baseado em clichês desenvolvidos através de seus filmes. Ele é Val Waxman, um grande diretor de cinema que passa por dias tempestuosos em sua carreira fazendo comerciais baratos de desodorante para pagar as contas e sustentar sua namorada bem mais nova (Debra Messing). Surpreendentemente, uma oferta da ex-mulher (Téa Leoni), que trabalha nos estúdios de filmagem, surge para um grande projeto que pode salvar sua carreira. Porém, antes das filmagens começarem, ocorre um ataque psicossomático no diretor e ele fica cego.
Determinado a não perder a oportunidade, Waxman, com a ajuda da ex, tenta dar vida ao filme dessa forma. Durante o processo de filmagens, as ações mais desastrosas acontecem no set trazendo um Woody Allen que flerta com a comédia pastelão e visual. Muitos tombos, tropeços e quedas. O protagonista está perdido no emaranhado de sua carreira e ego. Completamente cego e lutando para adquirir novamente sua visão, de forma literal e até mesmo metafórica, dado o momento em que passa profissionalmente.
Apesar de trazer um elenco grandioso e bom, dado os nomes de George Hamilton, Treat Williams e Mark Rydell – além das duas atrizes citadas anteriormente – o filme amargurou um duro fracasso nos Estados Unidos e acabou tendo sua estreia cancelada nos cinemas do Reino Unido. Já constatado por boa parte da crítica, Dirigindo no Escuro sofre de um problema de edição. São quase duas horas que o tornam maçante. Podendo ser mais conciso e direto em sua trama, o cineasta acaba se arrastando em alguns momentos na tela. Mesmo assim, boas risadas aqui e ali são garantidas. Allen vira uma mistura de Chaplin com Buster Keaton fazendo de Waxman uma deliciosa piada momentânea. Completamente cego e tendo de escolher cenários, materiais gráficos e dar indicações aos atores, acaba conduzindo a ação para situações engraçadíssimas.
Além disso, elementos corriqueiros da filmografia e carreira do realizador se apresentam novamente, quase como numa autobiografia. Remetendo até mesmo ao universo criado em Desconstruindo Harry (1997) e Memórias (1980). Para fechar todas, o diretor nova-iorquino veste a carapuça e o projeto de seu personagem, Val, acaba sendo um fracasso de bilheteria. Porém, bem aceito na França. Dois fatos vivenciados por Woody Allen constantemente ao lançar cada novo trabalho e também aqui em Dirigindo no Escuro.
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