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Sinopse
Há mais de 20 anos, uma nave alienígena entrou no espaço aéreo de Joanesburgo, capital da África do Sul. Com defeito, ela deixou milhões de alienígenas na Terra. E os forasteiros foram confinados num verdadeiro gueto.
Crítica
Uma das histórias mais clichês do cinema moderno é a do inocente que acaba virando vítima de uma conspiração e passa a ser perseguido por todos até que, de forma solitária, consiga provar sua inocência. E é esta trama recauchutada que Distrito 9 apresenta. Tem o mérito da nova roupagem e da alusão ao apartheid, mas no quesito originalidade seu desempenho chega a ser medíocre. Ainda mais por se tratar de uma ficção científica, gênero que já usou e abusou deste argumento, seja em clássicos como Exterminador do Futuro até em bobagens recentes como Controle Absoluto (2008). Ou seja, em resumo não tem nada de novo. Então por que acabou despertando tanta atenção?
Os motivos para o sucesso de Distrito 9 são inúmeros, a despeito do seu valor artístico. Pra começar, há o aspecto técnico, que é impecável – palmas para o produtor Peter Jackson, maior gênio da atualidade neste assunto, que cuidou para que tudo ficasse perfeito. Portanto, mesmo com um orçamento reduzido (meros US$ 30 milhões, baixo para os padrões hollywoodianos), o que vemos na tela aparenta ter custado no mínimo três vezes mais. Os efeitos especiais, as maquiagens, a fotografia, tudo colabora para criar um clima dinâmico e envolvente. Nos sentimos dentro da ação, e um efeito assim tem muito valor.
Depois há a grande sacada do roteiro, que posicionou a trama em plena África do Sul – que outro filme você se lembra ter sido feito por lá? Assim, de forma exótica, nossa curiosidade já é capturada. Sempre que o cinema falou de invasões alienígenas, o que vemos são ataques às grandes cidades norte-americanas, no máximo se estendendo até outras capitais turísticas, como Paris, Londres, Roma ou Tóquio. Pois agora estamos em Johanesburgo, e não no meio de uma guerra. Uma gigantesca nave espacial lá parou, há mais de vinte anos, simplesmente por não conseguir ir adiante. E sem energia para seguir seu caminho, os quase 2 milhões de alienígenas que nela se encontravam tiveram que se virar, e com a ajuda dos humanos, que criaram um espaço específico para eles – o tal Distrito 9. E neste gueto, tal qual num campo de concentração, os aliens se reproduziram. Sem um planejamento para melhor abrigá-los, logo se transformaram num transtorno. E o preconceito mais uma vez se fazia presente, mudando apenas a raça a que ele se dirigia.
Distrito 9, o filme, começa quando um funcionário público (o desconhecido Sharlto Copley, que se deu tão bem que acabou escalado para a versão cinematográfica do seriado Esquadrão Classe A, 2010) é enviado com ordens de despejo para realocar os incômodos visitantes. Porém, estes também tem seus próprios planos, e não desejam ficar estacionados por aqui para sempre. E as intenções de um terminam por colidirem nas dos outros, e as coisas realmente se complicam quando um acidente provoca uma mutação no protagonista, que começa a se transformar num ser igual aos que ele até então estava perseguindo. De caçador, vira caça. E a partir de então tem que buscar meios para sobreviver, nem que para isso dependa da ajuda daqueles que menos esperava.
Com direção do novato Neill Blomkamp (escolhido pelo próprio Peter Jackson), Distrito 9 é um produto interessante, competente e bem feito, mas que não sobrevive a uma análise mais profunda. Seu enredo é raso e superficial, suas soluções carecem de maior desenvolvimento e até a opção de um olhar mais documental – como os recentes Cloverfield: Monstro (2008) e Quarentena (2008) – logo se revela frustrada, pois é abandonada no meio da narração. Fatores que, em última instância, pouco importam, pois como faturou quase US$ 200 milhões em todo o mundo, é certo que uma continuação estará assegurada (Distrito 10?). E o que podemos fazer diante essa inevitável verdade? Como disse a ministra, não mais do que ‘relaxar e gozar’. Afinal, é para isso que filmes como esse são feitos.
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