Crítica
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Sinopse
Eduarda e Marcos, após 10 anos de um casamento em desgaste, resolvem fazer terapia de casal. Durante as sessões, ambos decidem se separar. É quando ela conhece Leo.
Crítica
Antes de mais nada, é importante deixar algo claro: apesar do título enganador, este filme não é uma continuação do sucesso Divã (2009), que levou quase dois milhões de espectadores aos cinemas para conferir Lília Cabral na adaptação do romance homônimo de Martha Medeiros. A semelhança se deve ao fato de ambos serem de responsabilidade da mesma produtora, a carioca Total Entertainment, que, como proprietária da marca, está tentando confundir o público. Portanto, sai José Alvarenga Jr. (do fenômeno Os Normais, 2003) e entra Paulo Fontenelle (do constrangedor Se Puder... Dirija!, 2013) no comando deste Divã a 2, filme que sai perdendo já de partida por não contar nem com a sensibilidade do texto original, e muito menos com a experiência do elenco anterior.
A protagonista de Divã a 2 é Vanessa Giácomo, que assumiu o lugar de Ísis Valverde (a versão oficial é que essa desistiu do projeto por questões de agenda, mas é de se perguntar se a recusa não foi motivada após ela ter lido o roteiro dos novatos Saulo Aride e Leandro Matos) como Eduarda, uma profissional que vive para o trabalho e tem pouco tempo para o filho e, principalmente, para o marido (Rafael Infante, que passa o filme inteiro tentando não ser cômico como nos vídeos do portal online Porta dos Fundos). Para quem lembra, essa é a mesma sinopse da personagem de Ingrid Guimarães em De Pernas pro Ar (2010) – outra comédia genérica com a qual essa aqui dialoga bastante. E tanto agora quanto antes, chega o momento em que o marido cansa e pede as contas. A diferença é que dessa vez logo surge um interessado em substituí-lo (Marcelo Serrado, visivelmente cansado e envelhecido). O que acontece a seguir? O “ex” trata de correr atrás da máquina para recuperar a esposa – que, obviamente, só agora ele descobriu ser o “amor da vida” dele.
O grande “diferencial” que Divã a 2 tenta apresentar diante as demais comédias românticas é que desde o princípio os dois protagonistas – ou seja, o casal separado – estão fazendo terapia, cada um com um psicólogo diferente. É curioso, pois ambos confessam que começaram tal prática com o objetivo de resgatarem a união. Então, por que não uma sessão conjunta? Claro, pois de outra forma não teríamos algumas das “surpresas” previsíveis que enredo desajeitadamente trata de jogar no meio da ação. Esse artifício serve também como desculpa para o uso exagerado de narrações em off, o que torna a trama ainda mais repetitiva e entediante.
Outro fator problemático é a total falta de química entre os atores. Vanessa não se esforça em nenhum momento em parecer simpática ao espectador – é difícil torcer para um tipo tão centrado no próprio umbigo e que na maioria das vezes é simplesmente egocêntrico. A cena dela com o pobre do Fiuk (em participação mínima) chega a ser constrangedora. Fica claro desde o começo que ela e Infante não combinam, só que a situação piora quando percebemos que ela não forma um bom par com nenhum dos candidatos oferecidos pela produção, como Maurício Mattar ou ainda o próprio Serrado. Sempre que há um casal em cena parece faltar o que dizer – um deles chega a declarar “não sei o que falar agora”, impressão que temos por quase todo o filme. Se há alguém que se salva é Fernanda Paes Leme, que ainda que tenha pego o personagem mais clichê – a melhor amiga perua que só pensa em sexo – consegue fazer milagre e torná-lo minimamente engraçado e razoavelmente divertido.
A sensação recorrente durante todo o desenrolar dos acontecimentos de Divã a 2 é o questionamento de qual a razão por trás de tudo isso. Afinal, nada faz muito sentido. A mulher é uma chata, o homem é um folgado que em dois toques só quer saber de galinhar com qualquer uma que se ofereça na sua frente (inclusive a melhor amiga), ninguém se preocupa muito com a criança e o pretendente é um mentiroso, além de irresponsável na profissão. O texto, além de machista – aceita-se qualquer desculpa sem muita reflexão e a mulher é sempre a culpada – é também redundante por seguir apenas caminhos óbvios e já muitas vezes trilhados em produções do gênero. E no resumo, quando acaba, resta apenas um suspiro a lamentar os noventa minutos perdidos que, infelizmente, não poderão ser recuperados de forma alguma.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 4 |
Alysson Oliveira | 5 |
MÉDIA | 4.5 |
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