Crítica
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Crítica
Em 2014, o diretor Paul Schrader e o (ex?) astro Nicolas Cage realizaram juntos o filme Vingança ao Anoitecer, que acabou sendo mais um fracasso de crítica e público em suas respectivas carreiras recentes. Por conta das interferências do estúdio na produção, o próprio Schrader rejeitou o resultado final, mas, ao que parece, gostou de dirigir Cage – eles já haviam trabalhado juntos em Vivendo no Limite (1999), de Martin Scorsese, escrito por um e protagonizado pelo outro. Cães Selvagens marca, então, uma nova parceria entre os dois, agora com liberdade artística, sem grandes pressões externas.
Isso seria o suficiente para criar uma expectativa positiva em torno do filme, considerando a qualidade da maior parte do cinema do diretor e o talento do ator, por vezes ofuscado pelas muitas escolhas duvidosas que faz. No entanto, o resultado alcançado por eles em Cães Selvagens está muito abaixo do esperado. Cage tem pouco espaço para brilhar, vivendo mais um personagem maluco típico dos momentos mais exagerados de sua filmografia. Mas, mesmo nesse aspecto, ele acaba ofuscado por Willem Dafoe, ainda mais surtado e responsável pelos poucos momentos bons do filme (sobretudo no prólogo completamente alucinado).
Já Schrader dirige Cães Selvagens como um iniciante deslumbrado com estar fazendo cinema numa era pós-Tarantino e pós-MTV, flertando tanto com uma estética de videoclipe não muito adequada para contar essa história quanto com o pastiche de uma cinema de outrora – no caso, o noir, num epílogo bastante deslocado do restante da narrativa. Visualmente, Cães Selvagens acaba parecendo uma versão um pouco menos histérica do também problemático Assassinos por Natureza (1994).
Mas por ser uma realização canhestra de um grande nome da geração da Nova Hollywood, responsável por um cinema pungente e geralmente elegante – Schrader dirigiu obras de visual esmerado como Gigolô Americano (1980), O Dono da Noite (1992) e, principalmente, Mishima: Uma Vida em Quatro Tempos (1985) – o filme remete a um outro caso recente semelhante: o péssimo Virginia (2012), de Francis Ford Coppola, também marcado por essa aparência de primeiro filme feito na empolgação, mas sem grandes cuidados narrativos, dramatúrgicos e estéticos. E nesse caso, tratava-se do diretor de O Poderoso Chefão (1972), Apocalypse Now (1979), A Conversação (1974), Drácula de Bram Stoker (1992)...
Mas se Coppola - que, aliás, é tio de Nicolas Cage - vem tentando, nos últimos anos, um retorno aos primórdios de seu cinema, com produções independentes e cada vez mais experimentais (o que torna Virginia minimamente tolerável), Schrader parece, em Cães Selvagens, estar mesmo fazendo um filme simplesmente ruim. Mais um deslize numa carreira que não anda muito inspirada ultimamente.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Wallace Andrioli | 4 |
Francisco Carbone | 6 |
MÉDIA | 5 |
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