Crítica
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Sinopse
Doris Miller é uma sessentona solitária e no lugar onde trabalha, uma agência de publicidade, ninguém a leva a sério. Tudo muda, no entanto, quando o jovem John Fremont é contratado como diretor de arte da empresa e se dá bem com ela, que acaba se apaixonando por ele e deixa a vergonha e as limitações de lado para conquistá-lo.
Crítica
Michael Showalter já havia provado em Mais Um Verão Americano (2001) que funciona bem na comédia besteirol – um humor tão exageradamente tolo que, paradoxalmente, exige grande inteligência da parte do roteirista. Agora, com Doris: Redescobrindo o Amor, ele demonstra ter, também, uma notável sensibilidade para abordar temas mais sérios e flertar com o drama, mas sem perder a leveza da comédia. Doris (Sally Field) é uma mulher excêntrica – para dizer o mínimo – que já passa dos sessenta anos e se sente estagnada na vida. Abalada pelo falecimento de sua mãe, com quem tinha um relacionamento muito próximo, e encorajada por um palestrante de autoajuda, ela decide conquistar um colega de trabalho por quem nutre uma paixão. O problema é que o colega (Max Greenfield) é cerca de trinta anos mais novo do que ela.
Num filme que, embora seja agradável e divertido, não passa de regular na maioria dos aspectos, a atuação da veterana Sally Field é, indiscutivelmente, o maior destaque. Todo o envolvimento do público com a história depende de sua performance. Há um enorme desafio em interpretar uma senhora tão infantilizada como Doris, mas Field encontra um perfeito equilíbrio entre os aspectos cômicos da personagem e as tristes motivações que se escondem por baixo do humor. Uma interpretação caricata demais transformaria a protagonista numa piada; já o drama em excesso mataria o tom descontraído que caracteriza a obra.
É revigorante, aliás, perceber que este é um filme que traz uma atriz de setenta anos à frente da narrativa como uma personagem completa e multifacetada, longe dos papéis secundários de “tias” e “avós” que normalmente são reservados às intérpretes mais velhas (quando elas não desaparecem completamente das telas). Mais do que isso, Doris nunca é definida apenas por sua idade; esse aspecto serve, na maioria das vezes, para estabelecer um contraste bizarro entre sua faixa etária e seu comportamento adolescente, algo que é justificado conforme a narrativa avança e revela as marcas psicológicas que a deixaram daquela maneira.
Embora esta obra seja vendida como uma espécie de comédia romântica não convencional, fica evidente ao fim da projeção que o caso não é exatamente esse. A paixão por um rapaz muito mais novo pode ser o pontapé inicial da narrativa, mas esse aspecto do roteiro eventualmente revela-se um meio, e não um fim. O arco de Doris é, essencialmente, um processo de cura emocional e psicológica. Sua família se mostra incapaz de compreender ou lidar com os problemas enfrentados por ela; o apoio de suas amigas e de sua terapeuta pode ser valioso, mas não suficiente. Cabe à protagonista – e apenas ela – a jornada de volta à paz emocional. Talvez a escolha do título brasileiro para este longa não tenha sido a mais acertada. Não estamos diante de uma mulher redescobrindo o amor na terceira idade; esta é a história de uma pessoa superando suas fragilidades, tomando as rédeas de sua própria vida e, no processo, descobrindo a si mesma.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Marina Paulista | 6 |
Francisco Carbone | 4 |
MÉDIA | 5 |
O filme prende atenção. Sally atuou bem, mas me dava agonia ver o quão travada era a personagem. O fim foi decepcionante. Não valeu o tempo assistido.
Excelente, pude ver, em alguns aspectos, guardando-se as devidas proporções, algo parecido se sucedeu comigo. Muito interessante por ter sido uma abordagem incomum, com excelente performances, destacando-se a de Sally Field, embora percebi, em alguns momentos, semelhança com a de Geraldine Page em Retorno a Bointiful. Imperdível.