Crítica
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Sinopse
Um agente especial e um perito em militarismo são incumbidos de roubar um banco. Mas, não demora muito para eles descobrirem que a verdadeira tarefa é outra, aliás, muito diferente: investigar um ao outro.
Crítica
Mark Wahlberg é um cara que costuma ser fiel às parcerias que tem estabelecido em Hollywood. Assim como os compromissos que já assumiu sob o comando de diretores como Michael Bay, James Gray e David O. Russell – com os quais ele já trabalhou mais de uma vez – seu mais novo ‘preferido’ é o cineasta islandês Baltasar Kormákur. No entanto, percebe-se que astro deveria avaliar melhor essas escolhas, pois se o anterior Contrabando (2012) – que nem chegou a ser exibido no circuito comercial brasileiro – já apresentava resultados duvidosos, esse Dose Dupla se salva do constrangimento apenas pelo seu elenco, em especial pelo carisma e apelo midiático dos dois protagonistas – além de Wahlberg, muito do interesse por esse filme se justifica na presença sempre instigante de Denzel Washington.
Os títulos desse filme – 2 Guns (‘duas armas’, literalmente), no original, ou o genérico nacional Dose Dupla – seriam melhor substituídos se tivesse sido reaproveitado o batismo de um longa brasileiro de 1989, Faca de Dois Gumes. Isso porque todos os principais personagens possuem mais de uma intenção em suas ações, e seus verdadeiros objetivos vão sendo revelados aos poucos, sem que aqueles que os circundam façam ideia do que, de fato, almejam. De início, somos apresentados a Bobby (Washington) e Stig (Wahlberg), dois trambiqueiros envolvidos com o cartel de drogas na fronteira entre México e EUA. Logo, no entanto, descobrimos que o primeiro é um agente do departamento de narcóticos que pretende desbaratar o esquema de tráfico, enquanto que o segundo é um ex-militar da Marinha também agindo sob disfarce. Suas identidades vem à tona depois de um assalto à banco que orquestram em conjunto. O propósito era desfalcar os mafiosos em US$ 3 milhões, mas após o golpe acabam tendo em mãos US$ 43 milhões! O valor, muito superior ao esperado, acaba mexendo com os ânimos de muito mais gente do que eles esperavam.
A partir desse ponto, estabelece-se cinco linhas narrativas em Dose Dupla: Bobby e Stig passam a agir separados – até que, eventualmente, acabam unindo novamente suas forças – ao mesmo tempo em que o chefão mexicano (Edward James Olmos), o oficial corrupto da Marinha (James Marsden) e o diretor da CIA (Bill Paxton), cada um ao seu jeito, irá partir atrás de toda essa grana, eliminando qualquer um que se coloque em seus caminhos. Os mocinhos terão como único apoio a policial Deb (Paula Patton), colega e amante de Bobby, que também possui seus motivos particulares por trás de toda essa confusão. Se o enredo parece confuso – e, de fato, o é – tudo é resolvido de modo prático, durante um tiroteio entre os vértices envolvidos, todos num mesmo cenário, situação que aproveita também para eliminar qualquer eventual exagero necessário para que as pontas soltas sejam cortadas.
Dose Dupla é mais uma trama policial igual a tantas outras que regularmente chegam às telas. Seu diferencial consiste na boa química que o geralmente sisudo Denzel Washington (ele aos poucos vai se soltando, abusando de sua competência natural) desenvolve com o galante Mark Wahlberg (apoiando-se apenas em sua já conhecida simpatia). Os dois, no entanto, parecem estar se divertindo mais do que o espectador, sem se esforçarem para entregar ao público algo inovador. Ainda que baseado em uma graphic novel e tendo tido um retorno razoável nas bilheterias americanas, o todo em nenhum momento consegue ir além do convencional, resultando em uma experiência tão passageira quanto esquecível.
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