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Crítica


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Sinopse

O advogado Renfield chega ao castelo do Conde Drácula, na Transilvânia, sem saber que o nobre é um vampiro que se alimenta de sangue humano. O jovem é transformado em servo do monstro numa viagem a Londres.

Crítica

O medo é um sentimento tão necessário ao ser humano, que não surpreende que o Terror tenha sido um dos primeiros gêneros a se consolidar na história do cinema. Grande tema dos filmes do Expressionismo Alemão, gerou obras cuja própria ideia central era o suficiente para arrepiar e atrair espectadores por décadas a fio. Uma delas foi Nosferatu (1922), de F.W. Murnau, cuja popularidade e assombro em torno da mítica de um ser imortal chupador de sangue levou a Hollywood de ouro dos anos 1930 a querer realizar a sua própria versão. Dessa vez com som, sem as cartelas em alemão que precisavam ser legendadas e, claro, com a permissão de utilizar o nome do personagem, algo que Murnau não pode fazer. Assim surgiu Drácula (1931), de Tod Browning, baseado na obra de Bram Stoker.

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Responsável por entregar a um tal Conde Drácula (Bela Lugosi) as escrituras de sua nova propriedade em Londres, o viajante Sr. Renfield (Dwight Frye) logo se encontra em um castelo longínquo que parece ter sido há muito tempo abandonado. Quem vem para recebê-lo é o próprio dono do local, encimado por uma capa negra de gola alta (que viria a se tornar um dos símbolos de seu personagem). Depois de transformado em escravo pelos poderes hipnóticos do vampiro (demonstrados em tela através de reflexos estrategicamente posicionados sobre os seus olhos), Renfield e seu mestre retornam a Londres, onde o Conde começa a por em prática um plano para seduzir a jovem Mina (Helen Chandler), e torná-la uma de suas esposas vampiras.

Sem qualquer trilha sonora de amparo dramático – já que a produção da Universal acreditava que, sendo o som uma nova invenção no cinema, não deveria ser usado em excesso para não confundir o espectador – Drácula é estranhamente silencioso para um público moderno em uma revisita, porém isso acaba lhe servindo como mérito. Quando vemos seu personagem central surgir pela primeira vez descendo vagarosamente as escadarias de seu castelo, a ausência de qualquer música evoca o medo paralisante causado por sua presença – mesmo que seja Bela Lugosi coberto de maquiagem e executando a sua icônica performance, carregada no sotaque e em suas sobrancelhas arqueadas.

Inventivo também do ponto de vista de direção, Tod Browning (que ainda viria a dirigir o também marcante Freaks, 1932), não se limita aos típicos enquadramentos gerais de cenários e diálogos. Realiza aqui movimentos elegantes com a sua câmera e escolhe ângulos que, quando não são apenas visualmente interessantes (como o que traz Renfield sendo encontrado no porão de um navio), também são eficientes em transmitir a intensidade do que está acontecendo – como quando investe em um travelling no momento em que Mina começa a descobrir seus poderes hipnóticos.

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Entretanto, algumas das características mais famosas do personagem título não são vistas nesse clássico, como as suas presas ou a marca que deixa no pescoço de suas vítimas. Além disso, o filme inclui elementos de humor que acabam desequilibrando o projeto. Tão logo esse elemento é inserido, fica mais difícil tornar Drácula um vilão ameaçador. E como medo deveria ser sua característica mais destacada, o longa demonstra que, nesse sentido, envelheceu mal. Apesar de competente em sua técnica e curioso pela interpretação do protagonista, Drácula hoje é mais um objeto de interesse cultural, do que uma obra notável de horror.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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