float(18) float(4) float(4.5)

Crítica


6

Leitores


4 votos 9

Onde Assistir

Sinopse

Goku e Vegeta, agora como Super Saiyajins Deus, terão de enfrentar um novo vilão em uma nova aventura para salvar o planeta do exército de Freeza. Nada será como antes, pois dessa vez eles contarão com a ajuda de um antigo Saiyajin: o poderoso e incontrolável Broly.

Crítica

Embora não integre a série regular, sendo utilizado apenas esporadicamente em filmes e especiais, o misterioso Broly é uma figura querida por parte significativa dos fãs de Dragon Ball, ao menos enigmática o suficiente para gerar curiosidade. Em Dragon Ball Super Broly: O Filme sua origem é retrabalhada, o que lhe dá um ar mais trágico e, ao mesmo tempo, menos irracional do que na maioria das abordagens anteriores. Aliás, o começo do novo longa-metragem derivado da franquia de sucesso, criada por Akira Toriyama, é o que de melhor o todo tem, ainda que não seja exatamente uma novidade a observação das circunstâncias que levaram à extinção do planeta Vegeta e, por conseguinte, de seus habitantes, a raça guerreira saiyajin. Com uma animação de qualidade variável, porém, é bem trabalhado esse prólogo que serve, inclusive, para situar quem porventura tenha caído de paraquedas na sessão, sem saber o que precedeu a batalha principal. A construção do passado de Broly, perpassado por tiranias, funciona a contento.

Um traço sobressalente, mas infelizmente pouco aprofundado em Dragon Ball Super Broly: O Filme, é a relação entre pais e filhos. Há o vínculo entre Paragas e o rebento Broly; a atenção especial ao rei Vegeta, genitor de um dos personagens importantes da série; o vislumbre do pai de Freeza passando-lhe o bastão da opressão universal; e até a demonstração da valentia daquele que ajudou a dar a vida ao protagonista, visto como soldado valoroso. A hereditariedade, assim, está ali, com os descendentes reproduzindo pontuais características e/ou ações dos pais, mas isso acaba sendo um dado colateral. Tão logo a narrativa chegue à “atualidade”, na qual é ambientada a luta mortal entre os super saiyajins mais fortes do universo, o filme acaba se entregando à fórmula que tornou célebre a animação baseada no mangá homônimo. Surgem algumas doses de humor para quebrar a solenidade e a pancadaria come solta, isso em meio a uma vingança que se desenha.

Dragon Ball Super Broly: O Filme tem o mérito de tornar Broly um personagem menos indeterminado, inclusive abrindo espaço para futuras participações – a Toei Animation não iria matar uma galinha dos ovos de ouro dessas. Encaixada cronologicamente após a fase denominada Torneio do Poder, de Dragon Ball Super, a produção consegue dar uma dimensão ainda maior do caráter legendário do filho enjeitado do planeta Vegeta. Ele é visto essencialmente como um rapaz de bom coração, afetado tanto pelo banimento para uma terra inóspita quanto pela sanha do pai por vendeta. Algumas incongruências, tais como a coleira elétrica que reprime alguém de poder praticamente infindável (?), ou o discernimento do deslocamento de "deuses" por lutadores inferiores, são frequentes. As conveniências, entretanto, não estragam esse bom exemplar. Com generosas doses de condescendência (nostalgia ou fanatismo), pode ser assimilado a partir do bem-sucedido encaixe de Broly na mitologia à qual pertence espaçada e estrategicamente, um dos acertos do conjunto.

No sentido de dimensionar o poder excepcional de Broly, nada como bota-lo para enfrentar em pé de igualdade Vegeta e Goku na forma Super Saiyajin Deus Super Saiyajin, aquela em que os guerreiros ficam com o cabelo azul e força descomunal. Apesar das lutas de Dragon Ball Super Broly: O Filme serem genéricas, com diversos momentos em que pouco se capta efetivamente das movimentações céleres e dos golpes indefinidos, elas demonstram o quão o jovem exilado pode evoluir durante uma batalha mortal, assimilando o estilo inimigo e aumentando sua energia exponencialmente. Com uma técnica de virtudes variáveis – em alguns instantes, inexplicavelmente, os personagens ficam literalmente sem rosto em tomadas distantes –, este longa-metragem consegue sobrepujar suas inconsistências para gerar um resultado satisfatório, com o bônus de reeditar a velha rivalidade entre Freeza e a raça guerreira por ele quase exterminada. Os fãs têm motivos para vibrar em certas passagens, enquanto aos leigos é reservado espaço generoso para a compreensão do básico.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *