Crítica
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Sinopse
Crítica
Considerado, desde o início de sua produção, como um dos favoritos ao Oscar 2007, o musical Dreamgirls: Em Busca de um Sonho decepcionou quando foram finalmente divulgadas as indicações. Apesar de ter sido lembrado em seis quesitos (sendo que no de Melhor Canção concorre em três vagas), confirmando-se como o recordista de nominações neste ano, o longa ficou de fora das principais categorias, como Melhor Filme, Direção, Roteiro e Montagem. As esperanças recaíram nas técnicas, como Direção de Arte, Figurino e Som, além das altas apostas nos dois atores coadjuvantes, Eddie Murphy e Jennifer Hudson, premiados no Globo de Ouro, no Sindicato dos Atores e apontados como barbadas na maior festa do cinema mundial. Um resultado justíssimo. Afinal este não é um dos cinco melhores filmes do ano, apesar de possuir méritos inegáveis, basicamente os apontados pela crítica e pela indústria.
Baseado no musical da Broadway, que por sua vez é inspirado na trajetória real das Supremes, grupo musical dos anos 60 e 70 que tinha Diana Ross como vocalista, Dreamgirls é uma visão romanceada da realidade - e é importante destacar, não aprovada pelos verdadeiros envolvidos. Ross chegou a ameaçar a produção com um processo, e em qualquer declaração a respeito afirma categoricamente não ter encontrado no enredo da peça e no do filme nada similar ao que viveu. Porém alguns fatos e similaridades são impossíveis de negar, como a presença sufocante do empresário e o desligamento de uma das integrantes do trio por conflitos internos. Claro que é tentador analisar o que vemos na tela diante uma perspectiva real - 'será que isso aconteceu de verdade?', nos perguntamos a todo instante. Porém esta não é a forma mais correta. Afinal, trata-se de uma obra de ficção, e como tal deve ser percebida. E dentro do contexto cinematográfico, os resultados são bem compensadores. Dreamgirls é um musical envolvente, porém irregular. Possui números de arrepiar, como And I'm Telling You I'm Not Going, ao lado de outros constrangedores, como Family. A cada ponto positivo, logo surge outro contrário. No final, fica-se no meio termo, nada demais, nem nada de menos.
Premiado também com o Globo de Ouro de Melhor Filme Musical ou Comédia de 2006, bateu fortes concorrentes, como os superiores O Diabo Veste Prada (2006) e Obrigado por Fumar (2005), além do excelente Pequena Miss Sunshine (2006), este ainda indicado ao Oscar de Melhor Filme. Mas seria praticamente impossível ignorá-lo numa categoria dedicada ao gênero musical. Na direção está Bill Condon, autor do roteiro de Chicago (2002) e diretor dos elogiados Deuses e Monstros (1998) e Kinsey: Vamos Famar de Sexo (2004). Condon faz um bom trabalho, ainda que inferior ao que o seu currículo prometia. O desenvolvimento da trama é muito certinho, tudo acontecendo de forma encadeada, sem grandes lances ou reviravoltas. E os números musicais lembram muito os de Chicago (2002), quase sempre num palco, com cenários luminosos no fundo. São poucos os diálogos que resultam em canções, e estes terminam por parecer forçados e fora de contexto. Por outro lado, o filme ganha durante as performances vocais dos protagonistas, todos muito bem escolhidos segundo este critério.
Se Beyoncé Knowles, Jamie Foxx e Eddie Murphy foram apostas seguras, que equilibram bem o estrelismo necessário a um projeto desta magnitude e o talento vocal e interpretativo digno da trama, a novata Jennifer Hudson é a grande surpresa. É praticamente impossível não sair após o término da sessão somente com ela em mente. A cada nova aparição ela domina totalmente a cena, e quando está ausente o filme parece ressentir de fôlego. Nem mesmo Murphy, ressurgindo com um desempenho digno de nota após anos esquecido, consegue batê-la. Beyoncé é linda, dona de uma bela voz, e nada mais. Foxx, elogiadíssimo em Ray (2004), é o elo fraco, não conseguindo equilibrar com cuidado as caretas vilanescas e os momentos de fraqueza e sentimentalismo. Hudson, no entanto, é poderosíssima. Ex-integrante do reality show American Idol, ela já está com uma mão e meia na estatueta dourada mais cobiçada do mundo cinematográfico, e será uma conquista mais do que merecida. Sua personagem, Effie, é uma verdadeira 'Diva', uma cantora de voz hipnotizante e corpo possante, que entra em sai quando quer, e por se recusar a seguir ordens acaba pagando um preço às vezes alto demais. É no seu arco dramático que o espectador está interessado, e é com o que acontece com ela que nos importamos. Ela É o centro de Dreamgirls, e ninguém mais.
Do início difícil, quando ninguém as conhecia, até o estrelato nacional, passando pelas dificuldades, arrependimentos e vitórias naturais em uma jornada tão rica, este longa acaba se assimilando por demais a outras cinebiografias do gênero, como os recentes Johnny & June (2005) e mesmo o já citado Ray. Ray Charles em 2004, Johnny Cash em 2005 e agora as Supremes: será um ídolo da história da música norte-americana por ano? Quem serão os próximos? Dreamgirls, por seu passado mais fantasioso e magnetizante, merecia mais glamour, charme e magia, e não a sensação de "to be continued" que experimentamos após sua apressada (apesar dos mais de 130 minutos de duração!) conclusão. E música sem emoção até provoca elogios, mas não encontra lugar no coração de ninguém.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 7 |
Ailton Monteiro | 2 |
Daniel Oliveira | 5 |
Francisco Carbone | 1 |
Chico Fireman | 4 |
Wallace Andrioli | 5 |
MÉDIA | 4 |
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